domingo, 28 de fevereiro de 2010

FAMÍLIA, BERÇO DE VIDA E FÉ. LUGAR DE CATEQUESE

Estamos convencidos de que vivemos um tempo de mudanças, tempo decisivo para a Igreja e a família. Sabemos da necessidade de uma nova evangelização que responda aos anseios de um povo, que vive envolvido na luta, para construir uma família nova, para os novos tempos. Para a Igreja, segundo Santo Domingo, "a missão da família é viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas que se caracteriza pela unidade e pela indissolubilidade. A família é o lugar privilegiado para a realização pessoal, junto com os seres amados" (SD 214). O aperfeiçoamento da comunidade de pessoas se dá na compreensão de que a família é o berço de vida e fé. Nela, fortalece-se a convivência num espaço de encontro, de acolhida, de valorização e respeito entre as pessoas, de superação das fraquezas e limitações mútuas. A família é o espaço da alegria e da celebração, das novas conquistas e descobertas. É da família que brota a vida e ela se torna, por natureza e missão, guardiã da vida. A família, fundada sob o matrimônio, é, por sua natureza, uma comunidade de vida e de amor e tem por missão guardá-Io, revelá-Io e comunicá-Io. Este amor vem de Deus, do qual os pais são chamados a colaborar como intérpretes, na transmissão da vida, na educação dos filhos e na construção de uma comunidade de vida e de fé. O amor que se partilha na família é sinal concreto de generosidade, acolhimento, respeito e doação. Somente na família, cada um é reconhecido, respeitado e amado como é. A família é berço de vida e deve acompanhar todos os membros, durante toda a existência de cada um, desde o nascimento até a morte. Ela é verdadeiramente "o santuário da vida (...), o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser, convenientemente, acolhida e protegida, contra os múltiplos ataques a que está exposta, e pode desenvolver- se, segundo as exigências de um crescimento humano autêntico. Por isso, o papel da família é determinante e insubstituível, na construção da cultura da vida" (EV 92).

FAMÍLIA E A CONSTRUÇÃO DA FÉ

Assim como a família é o santuário da vida, é também o berço da fé. As atitudes da fé, vivenciadas e testemunhadas pelos pais, têm forte influência, no aprendizado das noções religiosas e na estruturação da vida na fé das crianças, adolescentes e jovens. O papa João Paulo II, em sua exortação apostólica "Catechesi Tradendae", lembra-nos que: "a educação para a fé, feita pelos pais - a começar desde a mais tenra idade das crianças - já se realiza, quando os membros de determinada família se ajudam uns aos outros a crescer na fé, graças ao próprio testemunho de vida cristã, muitas vezes silencioso, mas perseverante, no desenrolar da vida de todos os dias, vivida segundo o Evangelho" (CT 68). O Diretório Nacional de Catequese aponta para a importância dos pais, na condução do processo de educação da fé: "Para a Igreja, os pais são os primeiros e principais responsáveis pela vida e pela educação de seus filhos; são os primeiros educadores da fé" (Cf. DGC 255; CDC 774 § 2; DNC 297). Para que a família assuma sua responsabilidade, é preciso que a catequese estimule a assumir seu papel. Por isso, a catequese precisa ser "acolhedora, criativa e encarnada, que dê esperança, que mostre como viver o amor, dentro da condição objetiva de cada pessoa" (DNC 296). A catequese acredita na família, compreende sua realidade, suas condições e transformações, mas reconhece que é o ambiente propício e fundamental para o desenvolvimento da fé cristã. "Na família, o processo de crescimento da fé brota de convivência, do clima familiar e do testemunho dos pais. É uma catequese mais vivencial do que sistemática". Os pais são os primeiros mestres da fé (CR121) (DNC 299).

Para que a família seja espaço da educação da fé, a Igreja precisa:

a) organizar uma adequada formação catequética com adultos;

b) acompanhar, com ações programadas, os jovens cristãos que se preparam para o matrimônio;

c) fazer parcerias com as pastorais e os movimentos que trabalham, junto às famílias, para que acompanhem e ajudem a superar as dificuldades das famílias, cujos filhos estão na catequese;

d) proporcionar às famílias uma experiência de Deus, ajudando-as a terem gosto pela oração e pela leitura orante da Bíblia, pela participação nos sacramentos, na vida da comunidade e na promoção da caridade;

e) criar comunidades, nas quais haja relações familiares de amizade, partilha, gratuidade e espaço de lazer, no qual se articulam a festa e a alegria, o compromisso e o prazer;

f) estimular os pais para que sejam seguidores de Jesus, com convicção, coerência e perseverança;

g) criar pontes entre as gerações, nas quais a sabedoria e a memória da fé dos idosos são levadas em conta;

h) acolher, com caridade, as famílias ou núcleos familiares de segunda união que buscam um sentido cristão para a vida;

i) realizar encontros de catequese na casa dos catequizandos, junto com os pais, tendo em vista experiências de catequese familiar, existentes no Brasil e no exterior, com bons resultados (DNC 300).

Por fim, se é pela vida e pela fé que a missão da família faz dela lugar e espaço de catequese, podemos concluir que a catequese testemunhal dos pais contribui, e muito, na construção de uma fé sólida, madura e comprometida. Com o testemunho dos pais e a celebração da vida e da fé em família, os filhos poderão dar passos em busca de Jesus e viver o verdadeiro amor fraterno, amor vivido e experimentado, num convívio familiar de discípulos e seguidores de Jesus.

PARA REFLETIR

- Como a catequese pode ajudar a família a ser espaço de construção da fé?

- Contar experiências, onde a família é parceira da catequese.

- Como tornar práticas as pistas apontadas pelo DNC nº. 300?

Extraído do material: VI-Sulão de Catequese. Família-Berço de Vida e Fé – Tema III, página 16.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Metodologia da Catequese


A catequese é um PROCESSO de educação permanente para a Comunhão e participação na Comunidade de fé, seja o indivíduo criança, adolescente, jovem, adulto e idoso. Por meio de uma ação eclesial a Catequese deve se levar as Comunidades ou os fiéis à MATURIDADE. Isso foi reforçado no Concílio Vaticano II.



Hipótese:

“A catequese é uma ação essencialmente educativa.” (MC - 227)


Quando voltamos nosso olhar para a Catchesi Tradendae-46 (João Paulo II, 1979) percebemos que sempre a Igreja se preocupou em buscar meios mais apropriados para a execução de sua missão evangelizadora. Vale lembrar ela não tem um método único e próprio para a transmissão da fé, mas admite a necessidade e assume métodos contemporâneos na sua variedade e riqueza, desde que respeitem integralmente os aspectos da antropologia cristã e salvaguardem a fidelidade do conteúdo.







A Igreja utiliza-se das ciências pedagógicas e da comunicação, levando em conta a especificidade da educação da fé.



Olhando ainda para a Catchesi Tradendae-58 (João Paulo II, 1979) a Igreja aconselha que o catequista tenha algum conhecimento de ciências humanas que possa oferecer boas indicações para o seu trabalho educativo. A filosofia, a psicologia, a sociologia, a biologia, a pedagogia ajudam a compreender as pessoas e seus relacionamentos, nas diversas situações em que se encontram.

A sensibilidade do catequista para os problemas e aspirações dos catequizandos pode aprimorar-se a partir dessas áreas de conhecimento. Na comunicação há muito a aprender... Atualmente a Igreja vem descobrindo que um catequista que gosta de aprender, também fora do âmbito da Igreja, será mais criativo e terá mais recursos para dar conta de sua missão.

O ministério da catequese, ao longo de seu desenvolvimento histórico, nutriu-se constantemente de dois mananciais: as ciências teológicas, que determinaram sua natureza e finalidade última; e as ciências pedagógicas, que iluminaram a forma e o ato catequético. A catequese, portanto, sempre esteve vinculada à pedagogia.


Metodologia Catequética







O que é método?

Do Grego – metá (para) e odós (caminho) – significa, literalmente –

“caminho para algo”



“A metodologia da catequese tem como finalidade a educação da fé. Para alcançar esse objetivo, a metodologia se serve das orientações da catequética contemporânea e da ajuda das ciências pedagógicas e da comunicação.” (DGC 148)


Todo método catequético se compõe de três elementos fundamentais:

· Um ponto de chegada: a formação integral dos catequizandos;

· Um ponto de partida: a situação concreta dos interlocutores da catequese;

· E um itinerário: que marca os processos graduais e progressivos a percorrer para alcançar o amadurecimento pleno da fé.

Antes de se traçar um caminho, há pressupostos:

· Que o catequista tenha um “suficiente conhecimento dos interlocutores, para haver uma sintonia com as suas necessidades, sentimentos, situações, cultura, valorizando a experiência que cada pessoa traz.” (DN 275-a)

· “Levar em conta as ações concretas na comunidade, a memorização, sobretudo das formulações de fé expressas na Bíblia, a criatividade dos catequizandos, a importância do grupo e a comunidade como lugar visível da fé e da vida.” (DN 275-b)

Sugestão de Método


Evangélico-transformador – a interação na comunidade entre vivência e formulação da fé, deve estar presente também no ato catequético (textos, fala, ações). Não basta que ele informe. Ele deverá favorecer a confrontação entre formulações da fé e a experiência de vida, bem como encaminhar a vida comunitária, a ação, a celebração dos mistérios salvíficos e o processo de continuidade em tudo isso.


Método: FLEXÍVEL / Gradual / Entrosado com a Vida / Abrangente / Aberto


Fomentação: Atividades Educativas e Ações Transformadoras


Critérios para a seleção e o emprego de métodos na catequese


No trabalho cotidiano da catequese verifica-se um grande leque de métodos. Há métodos encarnados na vida, enquanto outros se afastam dela; métodos participativos e métodos ditatoriais; há métodos libertadores, como há aqueles que escravizam; há métodos fiéis à mensagem cristã, como há os reducionistas.

Na catequese, pois, não se empregar qualquer método para educar na fé. Ao selecionar e aplicar os métodos, a pastoral catequética precisa considerar os seguintes critérios fundamentais:

· Os métodos deverão ser coerentes com a pedagogia da fé;

· Os métodos deverão respeitar a natureza da mensagem cristã, as fontes que lhe dão sustento e as linguagens da fé;

· Os métodos deverão ser fiéis à integridade da mensagem cristã;

· Os métodos deverão estar em todo momento a serviço da vida concreta dos catequizandos;

· Os métodos deverão respeitar o ritmo das pessoas e dos grupos.


A Igreja existe para evangelizar e o mundo precisa, com urgência de uma nova evangelização. A Evangelização parte de Cristo a seus discípulos e sucessores, e por fim desenvolve-se na comunidade dos batizados.

Para João Paulo II (Conclusões de Santo Domingo – 1992) a Evangelização é algo atuante e dinâmica e infundi energias ao cristianismo perante aos atuais problemas, significa atender aos novos desafios, novas interpretações que se fazem aos cristãos, atender com urgência e responder as expectativas.

A chave hermenêutica desta aula, portanto, é a EVANGELIZAÇÃO. Apenas existe evangelização dentro da caminhada real dos seres humanos, por isso é tão importante conhecermos de perto os anseios, projetos, realizações e a mentalidade dos homens no decorrer da história. A própria história é o espaço da ação libertadora de Deus, à qual a Igreja deve sinalizar com seu anúncio e sua vida prática.

Visto que a história, e mais precisamente a história da Igreja, não é vista predominantemente com um olhar sobre o passado, mas como um modo de compreender o presente, a aula de hoje propõe uma “viagem” por sobre a caminhada da Igreja, para identificar a construção do pensamento evangelizador.


EVANGELIZAÇÃO:

Processo de amadurecimento na fé, esperança e caridade


A Evangelização, razão de ser da Igreja, sua vocação própria, é uma realidade rica, complexa e dinâmica, tende a promover o desenvolvimento do Homem; e aqui não se trata de uma dimensão discursiva apenas, mas de uma maneira de ser e de conhecer toda a vida, uma vocação.

O processo evangelizador possui três momentos essenciais: o ANÚNCIO, a CATEQUESE e a PASTORAL, um processo gradativo, evolutivo e espiral, ou seja, os três momentos acontecem como que simultaneamente, porém de forma específica, tendo como objetivo o amadurecimento permanente do indivíduo na fé, resultado, portanto de uma experiência real e comprometida com Jesus e com a causa do Reino.


1. O Anúncio ou a Ação Missionária


Jesus é o centro do anúncio dentro do processo evangelizador (querigma[1]). Com Ele, por Ele e n’Ele se proclama o reino com uma nova e definitiva intervenção de Deus que acolhe a humanidade para salvá-la.

A pessoa humana, com suas riquezas e carências, mas também com sua dignidade intocável, é sempre o grande destinatário e o primeiro beneficiário da Boa-Nova da salvação, portanto, “ver Jesus” – conhecê-lo e amá-lo – é, ao mesmo tempo que direito, é o anseio mais profundo do coração humano mesmo sem o saber. Em Jesus, Deus manifesta-se aos que fizeram uma experiência de Jesus e com Jesus e ter suas vidas comprometidas com a causa do reino. O “seio” familiar deve ser o primeiro protagonista deste objetivo.

Segundo o Diretório Nacional de Catequese (CNBB, documento 84, § 31), o primeiro anúncio querigmático pode se destacar alguns elementos essenciais:

§ em Jesus, Deus se mostra Pai amoroso;

§ a Salvação, em Jesus, consiste na acolhida e comunhão com Deus;

§ inspirado em santo Agostinho: Deus que criou a humanidade sem a sua ajuda, não quer salvá-la sem a sua participação e responsabilidade. É necessário que se reze como se tudo dependesse de Deus e agir como se tudo dependesse da humanidade.

§ O reino inaugurado e apresentado por Jesus se faz presente no hoje e se plenificará na glória eterna.

§ a Igreja é germe e o início do reino de Jesus.

§ Nossa vida e história não caminham para o nada, mas para Deus.


2. A Ação Catequética ou a Iniciação Cristã


É o PROCESSO de educação permanente para a Comunhão e participação na Comunidade de fé, seja o indivíduo criança, adolescente, jovem, adulto e idoso. Por meio de uma ação eclesial a Catequese deve se levar as Comunidades ou os fiéis à MATURIDADE.

No início do cristianismo, segundo o Diretório Nacional de Catequese (CNBB, documento 84), a catequese era o período em que se estruturava a conversão. Os já evangelizados eram inseridos numa experiência de vida cristã, ensinamento sistematizado, mudança de vida, crescimento na comunidade, constância na oração, alegre celebração da fé e engajamento missionário. Tal processo, e longo processo de iniciação que era denominado de catecumenato, tinha o seu término com a imersão no mistério pascal por meio dos sacramentos do batismo, crisma e eucaristia. Portanto, a catequese estava a serviço da iniciação cristã.

Vale ressaltar que a situação do mundo em meados da década de 60 ( e não é diferente hoje em dia) levou a Igreja no Vaticano II a propor e incentivar a volta do catecumenato.[2] A catequese, então, trata de forma sistemática, de um todo elementar e coerente, que forneça base sólida para a caminhada rumo á maturidade em Cristo.

O Diretório Nacional de Catequese (CNBB, documento 84, § 38.a) apresenta as dimensões, interligadas entre si, que devem ser trabalhadas na catequese:


§ Dimensão Antropológica – descoberta de si mesmo; tornar-se pessoa na ótica da fé;

§ Dimensão Afetivo-interpretativa – experiência de Deus;

§ Dimensão Cristológica – anúncio e adesão a Jesus Cristo;

§ Dimensão Pneumatológica – vida no espírito Santo;

§ Dimensão Celebrativa – Celebração Litúrgica e Oração;

§ Dimensão Comunitário-participativa – Participação na vida da comunidade;

§ Dimensão Sociotransformadora e Inculturada – Interação fé e vida, e serviço fraterno, de acordo com os valores do Reino;

§ Dimensão Intelectual ou Doutrinal – A formação da fé;

§ Dimensão Ecumênica e de Diálogo Inter-religioso – O diálogo com outros caminhos e tradições espirituais;

§ Dimensão Ecológica ou Cósmica – O relacionamento de cuidado com o cosmo.


3. A Ação Pastoral


É a dinamização do conjunto de doutrina, princípios e métodos (o que deve ser feito e que instrumento didáticos devem ser usados) da transmissão da Boa-Nova do Reino de Deus. Pastoral é a parte prática da Igreja. É uma atividade concreta da Igreja no campo Social e Pessoal. A Igreja mantém um grupo de pessoas agindo em nome dela em atividades em favor do povo visando uma mudança de mentalidade (metanóia ‘grego’ – conversão). Quando se fala em atividade conclui-se que a Igreja é um órgão vivo, que AGE em vista de uma renovação do Homem motivada pelo Evangelho: resgatar a vida – cuidar da vida – cultivar a vida – (Salmo 22). Dentro desse agir há uma mística – a do Bom Pastor: aquele que dá a vida pelo Rebanho; impregnado de Evangelho, faz de sua vida uma oblação.

A ação pastoral é a ação daqueles que assumem o seguimento de Jesus como discípulos e discípulas. Pessoas que:

1) Acolhem a Palavra de Deus não como um discurso apenas, mas uma vivência e compromisso de vida.

2) Aceitam Deus na própria vida, como dom da fé.

3) Tenha proximidade e intimidade com Jesus, com a comunidade e com a missão.

O seguimento de Jesus implica romper definitivamente com tudo o que se opõe ao projeto salvífico de Cristo e renunciar a tudo o que diminuí a pessoa humana.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


SANTOS, Fabiano Roberto Silva dos. O processo evangelizador no Brasil. São José do Rio Preto: CES, 2006


HOORNAERT, Eduardo et all. História Geral da Igreja na América Latina. Tomo II/ 1. 3. ed. Petrópolis: Paulinas, 1983.


HOORNAERT, Eduardo et all. História Geral da Igreja na América Latina. Tomo II/ 2. 2. ed. Petrópolis: Paulinas, 1985.


MATOS, Henrique Cristiano José. Nossa História – 500 de presença da Igreja Católica no Brasil. Tomo 1. São Paulo: Paulinas, 2001.


MATOS, Henrique Cristiano José. Nossa História – 500 de presença da Igreja Católica no Brasil. Tomo 2. São Paulo: Paulinas, 2002.


MATOS, Henrique Cristiano José. Nossa História – 500 de presença da Igreja Católica no Brasil. Tomo 3. São Paulo: Paulinas, 2003.


Diretório Nacional de Catequese. Documento 84, São Paulo: Paulinas, 2006.


Manual de Catequética – CELAM – São Paulo: Paulus, 2007


Diretório Geral de Catequese – Santa Sé







[1] Termo grego utilizado pelas primeiras comunidades cristãs para indicar o essencial do anúncio da Boa-Nova; é o resumo e centro do Evangelho.

[2] Cf. Sacrosanctum Concilium, n.º 64, Christus Dominus, n.º14 e Ad gentes, n.º14

Algumas sugestões para Iniciação e Pré Catequese - 3



Algumas sugestões para Iniciação e Pré Catequese - 2




Algumas sugestões para Iniciação e Pré Catequese



Mensagem do Papa Bento XVI sobre a Quaresma


Todos os anos o papa publica uma mensagem conclamando os fiéis a viverem intensamente este tempo que é caracterizado como momento de penitência e conversão. Para 2010, Bento XVI escolheu a justiça como tema de sua mensagem.

“Qual é a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros”, diz o papa. “Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da autosuficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade”.

Leia, abaixo, a íntegra da mensagem do papa para a Quaresma


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Queridos irmãos e irmãs, todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida á luz dos ensinamentos evangélicos. Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3,21 – 22 ).

Justiça: “dare cuique suum”
Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra “justiça” que na linguagem comum implica “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum”, segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romana do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele “suo” que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais intimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado á sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – no fim de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena centenas de milhões de seres humanos á morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos - , mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o “suo” que lhe é devido. Como e mais do que o pão ele de fato precisa de Deus. Nora Santo Agostinho: se “ a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu…não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus” (De civitate Dei, XIX, 21).

De onde vem a injustiça?
O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos” (Mc 7,14-15.20-21). Para além da questão imediata relativo ao alimento, podemos entrever nas reações dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem “de fora”, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua atuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingênua e míope. A injustiça, fruto do mal, não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista: ”Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl. 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram á lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição; á lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cfr Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza.

Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?

Justiça e Sedaqah
No coração da sabedoria de Israel encontramos um laço profundo entre fé em Deus que “levanta do pó o indigente (Sl. 113,7) e justiça em relação ao próximo. A própria palavra com a qual em hebraico se indica a virtude da justiça, sedaqah, exprime-o bem. De fato sedaqah significa, dum lado a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; do outro, equidade em relação ao próximo (cfr Ex 29,12-17), de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e á viúva (cfr Dt 10,18-19). Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, para o israelita nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Não é por acaso que o dom das tábuas da Lei a Moisés, no monte Sinai, se verifica depois da passagem do Mar Vermelho. Isto é, a escuta da Lei , pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo e desceu para o libertar do poder do Egito (cfr Ex s,8). Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre (cfr.Ecli 4,4-5.8-9), o estrangeiro (cfr Ex 22,20), o escravo (cfr Dt 15,12-18). Para entrar na justiça é portanto necessário sair daquela ilusão de auto – suficiência , daquele estado profundo de fecho, que á a própria origem da injustiça. Por outras palavras, é necessário um “êxodo” mais profundo do que aquele que Deus efetuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente a realizar. Existe portanto para o homem esperança de justiça?

Cristo, justiça de Deus
O anuncio cristão responde positivamente á sede de justiça do homem, como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: “Mas agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus… mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes. De fato não há distinção, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que se realiza em Jesus Cristo, que Deus apresentou como vitima de propiciação pelo Seu próprio sangue, mediante a fé” (3,21-25). Qual é, portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros. O fato de que a “expiação” se verifique no “sangue” de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si “ a maldição” que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a “bênção” que toca a Deus (cfr Gal 3,13-14). Mas isto levanta imediatamente uma objeção:

Que justiça existe lá onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira cada um não recebe o contrário do que é “seu”? Na realidade, aqui manifesta-se a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidencia que o homem não é um ser autárquico , mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.

Compreende-se então como a fé não é um fato natural, cômodo, obvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do “meu”, para me dar gratuitamente o “seu”. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitencia e da Eucaristia. Graças á ação de Cristo, nós podemos entrar na justiça “ maior”, que é aquela do amor ( cfr Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente em todo o caso sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar.

Precisamente fortalecido por esta experiência, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor. Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma culmina no Triduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autentica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça. Com estes sentimentos, a todos concedo de coração, a Bênção Apostólica”.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Campnha da Fraternidade

IDENTIDADE DA CATEQUESE



Elementos característicos da catequese




1. A comunidade cristã é o sujeito, o ambiente e a meta da catequese. Família, catequese e paróquia, assumem, em comunhão, a responsabilidade por criar o ambiente, onde a fé de cada um possa crescer com o testemunho dos outros, esclarecer-se com a ajuda dos demais, celebrar-se em comum e manifestar-se a todos. Ninguém cresce sozinho e pelas suas mãos, como ninguém cresce na fé, sem a fé dos outros e sem a graça de Deus. É no testemunho vivido da fé, que a catequese encontra a sua base de apoio!


2. A vida “em grupo” e entre os grupos de catequese, no seio da comunidade, é já uma experiência do ser e do viver em “Igreja”. O ambiente de participação activa e de responsabilidade comum, por parte de todos, quer nas celebrações, quer no compromisso efectivo, nas várias obras, iniciativas e actividades da paróquia, facilitarão a consciência de sermos “discípulos” de Jesus, numa “Igreja”, chamada a ser comunidade e família de irmãos!


3. Entre os vários modos e momentos de evangelização, a catequese ocupa um lugar de destaque. Ela preocupa-se por anunciar a Boa Nova, àqueles que, de algum modo, já foram, ao menos, alguma vez, sensibilizados, seduzidos, ou tocados pela beleza da pessoa de Cristo. Espera-se que, de um modo organizado, esse primeiro anúncio, seja, a seu tempo e com largo tempo, esclarecido de boa mente, acolhido no coração, e que dê frutos de vida nova. E que essa vida nova seja expressa, partilhada e fortalecida, no encontro fiel da comunidade com Cristo ressuscitado, na celebração dos sacramentos, particularmente da Eucaristia e da Reconciliação.


4. Na verdade, a vida cristã é um facto comunitário! E se alguém, por hipotética ocupação, não pudesse dispensar mais que uma hora, por semana, para “estar com o Senhor”, deveria reservar esse tempo, para a participação na Eucaristia dominical, que é verdadeiramente o ponto de chegada, o ponto de encontro e o ponto de partida da vida e da missão da Igreja. A “catequese” não é “um à parte”, uma “hora” para a educação religiosa ou cívica, como se fizesse algum sentido preocupar-se por não faltar a um encontro de catequese e faltar, sem qualquer justificação, à celebração da Eucaristia e aos compromissos com a vida da comunidade.


5. A catequese não é uma “aula” de religião ou de moral, nem se dirige somente à capacidade de aprender e de saber bonitas coisas acerca de Deus, acerca dos sete sacramentos, dos dez mandamentos, da Igreja, da vida eterna. A catequese propõe uma pessoa e não uma teoria: “Jesus Cristo é o Evangelho, a Boa Nova de Deus”. Nesse sentido, a catequese é evangelizadora, se levar os catequizandos à descoberta, à amizade e ao seguimento de Jesus. Sem essa adesão vital de coração, à pessoa de Jesus Cristo, qualquer “Moral” se tornará um peso, em vez de se oferecer como um caminho de libertação.


6. Frequentar a catequese, é bem mais do que “ir à doutrina”. A catequese é uma “educação da fé” e da “fé” em todas as suas dimensões. O mero conhecimento da “doutrina” sem a celebração e sem a sua aplicação à vida, faria da fé uma bela teoria. A celebração, sem o conhecimento dos seus fundamentos, e desligada da prática da vida, tornar-se-ia, por sua vez, incompreensível e incoerente e até mesmo “alienante”. Todavia, uma fé, proposta e transmitida, que não se aprofunde na experiência da oração, jamais conduzirá a uma relação pessoal com Deus. Ora a fé, pela sua própria natureza, implica ser conhecida, celebrada, vivida e feita oração. Só assim se “segue” verdadeiramente Cristo, com toda a alma e de corpo inteiro!


7. A catequese no contexto em que vivemos, é mais uma «proposta» de sentido para a vida, do que um mero acto cultural de “transmissão”. ninguém propõe o que desconhece, nem dá o que não tem. Mas quem tem fé, e a vive, não pode deixar de a “apegar” aos outros e de a propagar a todos. Na educação da fé, tem papel decisivo o “testemunho” e o “entusiasmo” de todos aqueles que, na comunidade, se tornam portadores e servidores da alegria do Evangelho. Uma fé que não se apega, apaga-se!


8. Mais do que se preocuparem, porque não sabem o que responder aos filhos… os pais deveriam procurar “descobrir com os filhos” a Boa Nova que eles receberam na catequese, “rezar com eles”, participar com eles na celebração da Eucaristia. Então as respostas, serão encontradas na vida comum da fé, partilhada em família e em comunidade. Nada disto impede os próprios pais, de procurar integrar um grupo de catequese, paralela à dos filhos, que os ajude a aprofundar as razões da sua fé, em relação com a cultura e com as responsabilidade sociais, familiares e eclesiais, que assumem diariamente.


9. Pedir a catequese para os filhos e pôr-se “de fora”, em tudo o que se refere à vivência e à celebração da fé, cria uma “divisão” interior, uma vida dupla, que impede, quem quer que seja, de descobrir e construir a sua própria identidade cristã. Frequentar a catequese não significa “ter uma aula” por semana, para garantir um diploma, uma festa ou um sacramento no fim do ano. Pedir a catequese implica comprometer-se a caminhar com toda a comunidade, no anúncio feliz do Deus vivo e na experiência maravilhosa do encontro com Ele.


10. Não faz parte das tarefas da catequese ocupar os tempos livres, ensinar regras de boa educação ou esgotar o tempo a “decorar” as fórmulas das orações comuns dos cristãos. Mesmo esperando que todo o ambiente de catequese seja educativo e que tais orações sejam assumidas e bem compreendidas, são tarefas da catequese iniciar as crianças e adolescentes no conhecimento da fé (que se resume no Credo), na celebração (dos sacramentos), na vivência (atitudes de vida) e na experiência pessoal da fé (oração). E isso é obra de todos nós, que somos, mais uma vez, “convocados pela fé”.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Boas Vindas!!!


Olá pessoal!!! Espero que a partir de hoje possamos contribuir e colaborar um pouco com a catequese de nossa comunidade. Então no que eu puder ajudar postarei aqui os arquivos que tenho disponíveis e caso alguem precise de algo que não conste aqui é só pedir que tentarei conseguir.
Beijos, abraços e alegria sempre...
Tia Nanda