Estamos convencidos de que vivemos um tempo de mudanças, tempo decisivo para a Igreja e a família. Sabemos da necessidade de uma nova evangelização que responda aos anseios de um povo, que vive envolvido na luta, para construir uma família nova, para os novos tempos. Para a Igreja, segundo Santo Domingo, "a missão da família é viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas que se caracteriza pela unidade e pela indissolubilidade. A família é o lugar privilegiado para a realização pessoal, junto com os seres amados" (SD 214). O aperfeiçoamento da comunidade de pessoas se dá na compreensão de que a família é o berço de vida e fé. Nela, fortalece-se a convivência num espaço de encontro, de acolhida, de valorização e respeito entre as pessoas, de superação das fraquezas e limitações mútuas. A família é o espaço da alegria e da celebração, das novas conquistas e descobertas. É da família que brota a vida e ela se torna, por natureza e missão, guardiã da vida. A família, fundada sob o matrimônio, é, por sua natureza, uma comunidade de vida e de amor e tem por missão guardá-Io, revelá-Io e comunicá-Io. Este amor vem de Deus, do qual os pais são chamados a colaborar como intérpretes, na transmissão da vida, na educação dos filhos e na construção de uma comunidade de vida e de fé. O amor que se partilha na família é sinal concreto de generosidade, acolhimento, respeito e doação. Somente na família, cada um é reconhecido, respeitado e amado como é. A família é berço de vida e deve acompanhar todos os membros, durante toda a existência de cada um, desde o nascimento até a morte. Ela é verdadeiramente "o santuário da vida (...), o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser, convenientemente, acolhida e protegida, contra os múltiplos ataques a que está exposta, e pode desenvolver- se, segundo as exigências de um crescimento humano autêntico. Por isso, o papel da família é determinante e insubstituível, na construção da cultura da vida"
(EV 92).FAMÍLIA E A CONSTRUÇÃO DA FÉ
Assim como a família é o santuário da vida, é também o berço da fé. As atitudes da fé, vivenciadas e testemunhadas pelos pais, têm forte influência, no aprendizado das noções religiosas e na estruturação da vida na fé das crianças, adolescentes e jovens. O papa João Paulo II, em sua exortação apostólica "Catechesi Tradendae", lembra-nos que: "a educação para a fé, feita pelos pais - a começar desde a mais tenra idade das crianças - já se realiza, quando os membros de determinada família se ajudam uns aos outros a crescer na fé, graças ao próprio testemunho de vida cristã, muitas vezes silencioso, mas perseverante, no desenrolar da vida de todos os dias, vivida segundo o Evangelho" (CT 68). O Diretório Nacional de Catequese aponta para a importância dos pais, na condução do processo de educação da fé: "Para a Igreja, os pais são os primeiros e principais responsáveis pela vida e pela educação de seus filhos; são os primeiros educadores da fé" (Cf. DGC 255; CDC 774
§ 2; DNC 297). Para que a família assuma sua responsabilidade, é preciso que a catequese estimule a assumir seu papel. Por isso, a catequese precisa ser "acolhedora, criativa e encarnada, que dê esperança, que mostre como viver o amor, dentro da condição objetiva de cada pessoa" (DNC 296). A catequese acredita na família, compreende sua realidade, suas condições e transformações, mas reconhece que é o ambiente propício e fundamental para o desenvolvimento da fé cristã. "Na família, o processo de crescimento da fé brota de convivência, do clima familiar e do testemunho dos pais. É uma catequese mais vivencial do que sistemática". Os pais são os primeiros mestres da fé (CR121) (DNC 299).Para que a família seja espaço da educação da fé, a Igreja precisa:
a) organizar uma adequada formação catequética com adultos;
b) acompanhar, com ações programadas, os jovens cristãos que se preparam para o matrimônio;
c) fazer parcerias com as pastorais e os movimentos que trabalham, junto às famílias, para que acompanhem e ajudem a superar as dificuldades das famílias, cujos filhos estão na catequese;
d) proporcionar às famílias uma experiência de Deus, ajudando-as a terem gosto pela oração e pela leitura orante da Bíblia, pela participação nos sacramentos, na vida da comunidade e na promoção da caridade;
e) criar comunidades, nas quais haja relações familiares de amizade, partilha, gratuidade e espaço de lazer, no qual se articulam a festa e a alegria, o compromisso e o prazer;
f) estimular os pais para que sejam seguidores de Jesus, com convicção, coerência e perseverança;
g) criar pontes entre as gerações, nas quais a sabedoria e a memória da fé dos idosos são levadas em conta;
h) acolher, com caridade, as famílias ou núcleos familiares de segunda união que buscam um sentido cristão para a vida;
i) realizar encontros de catequese na casa dos catequizandos, junto com os pais, tendo em vista experiências de catequese familiar, existentes no Brasil e no exterior, com bons resultados (DNC 300).
Por fim, se é pela vida e pela fé que a missão da família faz dela lugar e espaço de catequese, podemos concluir que a catequese testemunhal dos pais contribui, e muito, na construção de uma fé sólida, madura e comprometida. Com o testemunho dos pais e a celebração da vida e da fé em família, os filhos poderão dar passos em busca de Jesus e viver o verdadeiro amor fraterno, amor vivido e experimentado, num convívio familiar de discípulos e seguidores de Jesus.
PARA REFLETIR
- Como a catequese pode ajudar a família a ser espaço de construção da fé?
- Contar experiências, onde a família é parceira da catequese.
- Como tornar práticas as pistas apontadas pelo DNC nº. 300?
Extraído do material: VI-Sulão de Catequese. Família-Berço de Vida e Fé – Tema III, página 16.
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