sábado, 27 de fevereiro de 2010

Metodologia da Catequese


A catequese é um PROCESSO de educação permanente para a Comunhão e participação na Comunidade de fé, seja o indivíduo criança, adolescente, jovem, adulto e idoso. Por meio de uma ação eclesial a Catequese deve se levar as Comunidades ou os fiéis à MATURIDADE. Isso foi reforçado no Concílio Vaticano II.



Hipótese:

“A catequese é uma ação essencialmente educativa.” (MC - 227)


Quando voltamos nosso olhar para a Catchesi Tradendae-46 (João Paulo II, 1979) percebemos que sempre a Igreja se preocupou em buscar meios mais apropriados para a execução de sua missão evangelizadora. Vale lembrar ela não tem um método único e próprio para a transmissão da fé, mas admite a necessidade e assume métodos contemporâneos na sua variedade e riqueza, desde que respeitem integralmente os aspectos da antropologia cristã e salvaguardem a fidelidade do conteúdo.







A Igreja utiliza-se das ciências pedagógicas e da comunicação, levando em conta a especificidade da educação da fé.



Olhando ainda para a Catchesi Tradendae-58 (João Paulo II, 1979) a Igreja aconselha que o catequista tenha algum conhecimento de ciências humanas que possa oferecer boas indicações para o seu trabalho educativo. A filosofia, a psicologia, a sociologia, a biologia, a pedagogia ajudam a compreender as pessoas e seus relacionamentos, nas diversas situações em que se encontram.

A sensibilidade do catequista para os problemas e aspirações dos catequizandos pode aprimorar-se a partir dessas áreas de conhecimento. Na comunicação há muito a aprender... Atualmente a Igreja vem descobrindo que um catequista que gosta de aprender, também fora do âmbito da Igreja, será mais criativo e terá mais recursos para dar conta de sua missão.

O ministério da catequese, ao longo de seu desenvolvimento histórico, nutriu-se constantemente de dois mananciais: as ciências teológicas, que determinaram sua natureza e finalidade última; e as ciências pedagógicas, que iluminaram a forma e o ato catequético. A catequese, portanto, sempre esteve vinculada à pedagogia.


Metodologia Catequética







O que é método?

Do Grego – metá (para) e odós (caminho) – significa, literalmente –

“caminho para algo”



“A metodologia da catequese tem como finalidade a educação da fé. Para alcançar esse objetivo, a metodologia se serve das orientações da catequética contemporânea e da ajuda das ciências pedagógicas e da comunicação.” (DGC 148)


Todo método catequético se compõe de três elementos fundamentais:

· Um ponto de chegada: a formação integral dos catequizandos;

· Um ponto de partida: a situação concreta dos interlocutores da catequese;

· E um itinerário: que marca os processos graduais e progressivos a percorrer para alcançar o amadurecimento pleno da fé.

Antes de se traçar um caminho, há pressupostos:

· Que o catequista tenha um “suficiente conhecimento dos interlocutores, para haver uma sintonia com as suas necessidades, sentimentos, situações, cultura, valorizando a experiência que cada pessoa traz.” (DN 275-a)

· “Levar em conta as ações concretas na comunidade, a memorização, sobretudo das formulações de fé expressas na Bíblia, a criatividade dos catequizandos, a importância do grupo e a comunidade como lugar visível da fé e da vida.” (DN 275-b)

Sugestão de Método


Evangélico-transformador – a interação na comunidade entre vivência e formulação da fé, deve estar presente também no ato catequético (textos, fala, ações). Não basta que ele informe. Ele deverá favorecer a confrontação entre formulações da fé e a experiência de vida, bem como encaminhar a vida comunitária, a ação, a celebração dos mistérios salvíficos e o processo de continuidade em tudo isso.


Método: FLEXÍVEL / Gradual / Entrosado com a Vida / Abrangente / Aberto


Fomentação: Atividades Educativas e Ações Transformadoras


Critérios para a seleção e o emprego de métodos na catequese


No trabalho cotidiano da catequese verifica-se um grande leque de métodos. Há métodos encarnados na vida, enquanto outros se afastam dela; métodos participativos e métodos ditatoriais; há métodos libertadores, como há aqueles que escravizam; há métodos fiéis à mensagem cristã, como há os reducionistas.

Na catequese, pois, não se empregar qualquer método para educar na fé. Ao selecionar e aplicar os métodos, a pastoral catequética precisa considerar os seguintes critérios fundamentais:

· Os métodos deverão ser coerentes com a pedagogia da fé;

· Os métodos deverão respeitar a natureza da mensagem cristã, as fontes que lhe dão sustento e as linguagens da fé;

· Os métodos deverão ser fiéis à integridade da mensagem cristã;

· Os métodos deverão estar em todo momento a serviço da vida concreta dos catequizandos;

· Os métodos deverão respeitar o ritmo das pessoas e dos grupos.


A Igreja existe para evangelizar e o mundo precisa, com urgência de uma nova evangelização. A Evangelização parte de Cristo a seus discípulos e sucessores, e por fim desenvolve-se na comunidade dos batizados.

Para João Paulo II (Conclusões de Santo Domingo – 1992) a Evangelização é algo atuante e dinâmica e infundi energias ao cristianismo perante aos atuais problemas, significa atender aos novos desafios, novas interpretações que se fazem aos cristãos, atender com urgência e responder as expectativas.

A chave hermenêutica desta aula, portanto, é a EVANGELIZAÇÃO. Apenas existe evangelização dentro da caminhada real dos seres humanos, por isso é tão importante conhecermos de perto os anseios, projetos, realizações e a mentalidade dos homens no decorrer da história. A própria história é o espaço da ação libertadora de Deus, à qual a Igreja deve sinalizar com seu anúncio e sua vida prática.

Visto que a história, e mais precisamente a história da Igreja, não é vista predominantemente com um olhar sobre o passado, mas como um modo de compreender o presente, a aula de hoje propõe uma “viagem” por sobre a caminhada da Igreja, para identificar a construção do pensamento evangelizador.


EVANGELIZAÇÃO:

Processo de amadurecimento na fé, esperança e caridade


A Evangelização, razão de ser da Igreja, sua vocação própria, é uma realidade rica, complexa e dinâmica, tende a promover o desenvolvimento do Homem; e aqui não se trata de uma dimensão discursiva apenas, mas de uma maneira de ser e de conhecer toda a vida, uma vocação.

O processo evangelizador possui três momentos essenciais: o ANÚNCIO, a CATEQUESE e a PASTORAL, um processo gradativo, evolutivo e espiral, ou seja, os três momentos acontecem como que simultaneamente, porém de forma específica, tendo como objetivo o amadurecimento permanente do indivíduo na fé, resultado, portanto de uma experiência real e comprometida com Jesus e com a causa do Reino.


1. O Anúncio ou a Ação Missionária


Jesus é o centro do anúncio dentro do processo evangelizador (querigma[1]). Com Ele, por Ele e n’Ele se proclama o reino com uma nova e definitiva intervenção de Deus que acolhe a humanidade para salvá-la.

A pessoa humana, com suas riquezas e carências, mas também com sua dignidade intocável, é sempre o grande destinatário e o primeiro beneficiário da Boa-Nova da salvação, portanto, “ver Jesus” – conhecê-lo e amá-lo – é, ao mesmo tempo que direito, é o anseio mais profundo do coração humano mesmo sem o saber. Em Jesus, Deus manifesta-se aos que fizeram uma experiência de Jesus e com Jesus e ter suas vidas comprometidas com a causa do reino. O “seio” familiar deve ser o primeiro protagonista deste objetivo.

Segundo o Diretório Nacional de Catequese (CNBB, documento 84, § 31), o primeiro anúncio querigmático pode se destacar alguns elementos essenciais:

§ em Jesus, Deus se mostra Pai amoroso;

§ a Salvação, em Jesus, consiste na acolhida e comunhão com Deus;

§ inspirado em santo Agostinho: Deus que criou a humanidade sem a sua ajuda, não quer salvá-la sem a sua participação e responsabilidade. É necessário que se reze como se tudo dependesse de Deus e agir como se tudo dependesse da humanidade.

§ O reino inaugurado e apresentado por Jesus se faz presente no hoje e se plenificará na glória eterna.

§ a Igreja é germe e o início do reino de Jesus.

§ Nossa vida e história não caminham para o nada, mas para Deus.


2. A Ação Catequética ou a Iniciação Cristã


É o PROCESSO de educação permanente para a Comunhão e participação na Comunidade de fé, seja o indivíduo criança, adolescente, jovem, adulto e idoso. Por meio de uma ação eclesial a Catequese deve se levar as Comunidades ou os fiéis à MATURIDADE.

No início do cristianismo, segundo o Diretório Nacional de Catequese (CNBB, documento 84), a catequese era o período em que se estruturava a conversão. Os já evangelizados eram inseridos numa experiência de vida cristã, ensinamento sistematizado, mudança de vida, crescimento na comunidade, constância na oração, alegre celebração da fé e engajamento missionário. Tal processo, e longo processo de iniciação que era denominado de catecumenato, tinha o seu término com a imersão no mistério pascal por meio dos sacramentos do batismo, crisma e eucaristia. Portanto, a catequese estava a serviço da iniciação cristã.

Vale ressaltar que a situação do mundo em meados da década de 60 ( e não é diferente hoje em dia) levou a Igreja no Vaticano II a propor e incentivar a volta do catecumenato.[2] A catequese, então, trata de forma sistemática, de um todo elementar e coerente, que forneça base sólida para a caminhada rumo á maturidade em Cristo.

O Diretório Nacional de Catequese (CNBB, documento 84, § 38.a) apresenta as dimensões, interligadas entre si, que devem ser trabalhadas na catequese:


§ Dimensão Antropológica – descoberta de si mesmo; tornar-se pessoa na ótica da fé;

§ Dimensão Afetivo-interpretativa – experiência de Deus;

§ Dimensão Cristológica – anúncio e adesão a Jesus Cristo;

§ Dimensão Pneumatológica – vida no espírito Santo;

§ Dimensão Celebrativa – Celebração Litúrgica e Oração;

§ Dimensão Comunitário-participativa – Participação na vida da comunidade;

§ Dimensão Sociotransformadora e Inculturada – Interação fé e vida, e serviço fraterno, de acordo com os valores do Reino;

§ Dimensão Intelectual ou Doutrinal – A formação da fé;

§ Dimensão Ecumênica e de Diálogo Inter-religioso – O diálogo com outros caminhos e tradições espirituais;

§ Dimensão Ecológica ou Cósmica – O relacionamento de cuidado com o cosmo.


3. A Ação Pastoral


É a dinamização do conjunto de doutrina, princípios e métodos (o que deve ser feito e que instrumento didáticos devem ser usados) da transmissão da Boa-Nova do Reino de Deus. Pastoral é a parte prática da Igreja. É uma atividade concreta da Igreja no campo Social e Pessoal. A Igreja mantém um grupo de pessoas agindo em nome dela em atividades em favor do povo visando uma mudança de mentalidade (metanóia ‘grego’ – conversão). Quando se fala em atividade conclui-se que a Igreja é um órgão vivo, que AGE em vista de uma renovação do Homem motivada pelo Evangelho: resgatar a vida – cuidar da vida – cultivar a vida – (Salmo 22). Dentro desse agir há uma mística – a do Bom Pastor: aquele que dá a vida pelo Rebanho; impregnado de Evangelho, faz de sua vida uma oblação.

A ação pastoral é a ação daqueles que assumem o seguimento de Jesus como discípulos e discípulas. Pessoas que:

1) Acolhem a Palavra de Deus não como um discurso apenas, mas uma vivência e compromisso de vida.

2) Aceitam Deus na própria vida, como dom da fé.

3) Tenha proximidade e intimidade com Jesus, com a comunidade e com a missão.

O seguimento de Jesus implica romper definitivamente com tudo o que se opõe ao projeto salvífico de Cristo e renunciar a tudo o que diminuí a pessoa humana.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


SANTOS, Fabiano Roberto Silva dos. O processo evangelizador no Brasil. São José do Rio Preto: CES, 2006


HOORNAERT, Eduardo et all. História Geral da Igreja na América Latina. Tomo II/ 1. 3. ed. Petrópolis: Paulinas, 1983.


HOORNAERT, Eduardo et all. História Geral da Igreja na América Latina. Tomo II/ 2. 2. ed. Petrópolis: Paulinas, 1985.


MATOS, Henrique Cristiano José. Nossa História – 500 de presença da Igreja Católica no Brasil. Tomo 1. São Paulo: Paulinas, 2001.


MATOS, Henrique Cristiano José. Nossa História – 500 de presença da Igreja Católica no Brasil. Tomo 2. São Paulo: Paulinas, 2002.


MATOS, Henrique Cristiano José. Nossa História – 500 de presença da Igreja Católica no Brasil. Tomo 3. São Paulo: Paulinas, 2003.


Diretório Nacional de Catequese. Documento 84, São Paulo: Paulinas, 2006.


Manual de Catequética – CELAM – São Paulo: Paulus, 2007


Diretório Geral de Catequese – Santa Sé







[1] Termo grego utilizado pelas primeiras comunidades cristãs para indicar o essencial do anúncio da Boa-Nova; é o resumo e centro do Evangelho.

[2] Cf. Sacrosanctum Concilium, n.º 64, Christus Dominus, n.º14 e Ad gentes, n.º14

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