terça-feira, 30 de março de 2010

Segunda, Terça e Quarta-feira Santa - O FIM


Esses três dias, que a Igreja chama de grandes e santos, têm, dentro do desenrolar da semana santa, uma finalidade bem definida. Eles situam as celebrações dentro da perspectiva do Fim, eles nos relembram o sentido escatológico da Páscoa. Muito freqüentemente a semana santa é considerada como uma "linda tradição," um "costume," uma data importante do calendário. É o acontecimento anual esperado e amado, a Festa "observada" desde a infância, durante a qual a gente se encanta com a beleza dos ofícios, com o fausto dos ritos, e na qual a gente se ocupa de preparar a ceia pascal, que não é de menor importância. . . Depois, uma vez que tudo isto tenha acabado, nós retomamos a vida normal. Mas, teremos mesmo consciência de que "a vida normal" não é mais possível depois que o mundo rejeitou seu Salvador, depois que "Jesus ficou triste e abatido.. .," que sua alma "ficou infinitamente triste até a morte. . ." e que ele morreu na cruz? Foram mesmo homens "normais" que gritaram: "Crucifica-o!" Homens normais que cuspiram nele e o pregaram na cruz. . . Se eles o odiaram e o mataram, é precisamente porque ele veio sacudir e desestabilizar sua vida normal. Foi mesmo um mundo perfeitamente "normal" que preferiu as trevas e a morte, em lugar da vida e da luz. . . pela morte de Jesus o mundo "normal," a vida "normal" foram irrevogavelmente condenados. Ou, mais exatamente, o mundo e a vida revelaram sua natureza verdadeira e anormal, sua incapacidade de acolher a luz, o terrível poder que o mal exerce sobre eles. "É agora o julgamento deste mundo" (João 12:31). A Páscoa de Jesus significa o fim para "este mundo" e, desde então, ele está "no seu fim." Este fim pode se estender por centenas de séculos, mas isto não altera em nada a natureza dos tempos em que vivemos, que é "o último tempo." "O rosto deste mundo passa" (ICor. 7:31).

Páscoa significa "passagem"; para os judeus a festa da Páscoa era a comemoração anual de toda sua história, enquanto salvação, e da salvação enquanto passagem da escravidão no Egito à liberdade, do exílio à Terra prometida. A Páscoa era também a prefiguração da derradeira passagem, que conduz ao Reino de Deus. Ele, o Cristo, é o cumprimento da Páscoa. Ele completou a derradeira passagem, a da morte para a vida, deste "mundo velho" ao mundo novo, ao tempo novo do Reino. Ele tornou possível para nós esta passagem. Vivendo "neste mundo," nós podemos já "não ser deste mundo"; quer dizer, estarmos livres da escravidão da morte e do pecado, participantes do "mundo que há de vir." Mas, é necessário para tanto cumprirmos nossa própria passagem, condenar o velho Adão em nós mesmos, revestir o Cristo na morte batismal e ter nossa verdadeira vida oculta em Deus com o Cristo, no "mundo que há de vir..."

A Páscoa não é, pois, mais uma comemoração, bonita e solene, de um acontecimento passado. É o próprio acontecimento manifestado, dado a nós, acontecimento sempre eficiente, que revela que o nosso mundo, nosso tempo e nossa vida estão no seu fim, e que anuncia o começo da vida nova. O papel dos três primeiros dias da semana santa é, precisamente, o de nos colocar diante do sentido último da Páscoa, de nos preparar para compreendê-la em toda sua amplidão.

Esta orientação escatológica, quer dizer, última, decisiva e final, é bem sublinhada pelo tropário comum a esses três dias:

«Eis que aparece o Esposo no meio da noite!
Feliz o cervo que Ele encontrar acordado,
infeliz o que Ele encontrar indolente.
Vigia, pois, ó minh'alma:
não te deixes vencer pelo sono!
À morte tu serias entregue,
para fora do Reino banida.
Mas, acorda e clama:
Santo, Santo, Santo és Tu, ó Deus!
pelas orações da Mãe de Deus,
tem piedade de nós!»

Meia-noite é o instante em que o dia velho termina para dar lugar a um novo dia. Esta hora é assim para o cristão o símbolo do tempo em que vive. Por um lado, a Igreja está ainda neste mundo, compartilhando de suas fraquezas e tragédias. Por outro, seu ser verdadeiro não é deste mundo, pois ela é a Esposa de Cristo e sua missão é de anunciar e revelar a chegada do Reino e do novo Dia. Sua vida é um velar perpétuo e uma espera, uma vigília orientada para a aurora desse novo Dia. . . mas nós sabemos o quanto nosso apego ao "velho dia," ao mundo, com suas paixões e pecados, permanece ainda bastante tenaz. Nós sabemos o quanto ainda pertencemos profundamente a "este mundo." Nós vimos a luz, nós conhecemos o Cristo, nós ouvimos falar da paz e da alegria da vida nova nele, e, entretanto, o mundo nos mantém ainda em escravidão. Esta fraqueza, esta constante traição ao Cristo e esta incapacidade de dedicar a totalidade do nosso amor ao único objeto de amor verdadeiro, são magnificamente expressadas no exapostilário desses três dias:

«Eu contemplo tua câmara nupcial,
ó Salvador meu!
Ela está toda enfeitada,
e eu não tenho as vestes para nela entrar.
Torna luminosa a roupagem da minha alma,
ó Tu que dás a luz,
e salva-me!»

O mesmo tema é ainda mais desenvolvido nas leituras do Evangelho destes dias. Primeiro, é o texto inteiro dos quatro evangelhos (até João 13:31), lido nas Horas (Prima, Tércia, Sexta, Nona), que mostra que a cruz é o apogeu de toda a vida de Jesus e de seu mistério, a chave para verdadeiramente o compreender. Tudo, no Evangelho, conduz a esta última "hora de Jesus" e tudo deve ser visto sob sua luz. Em seguida, cada ofício possui seu próprio pericópio de evangelho.

A Segunda-Feira Santa

Nas matinas: Mateus 21:18-43 — a parábola da figueira estéril, símbolo do mundo criado para dar frutos espirituais e relutante em sua resposta a Deus.

Na liturgia dos Pré-santifícados: Mateus, 24:3-35 — o grande discurso escatológico de Jesus, os sinais e o anúncio do Fim. "O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão."

A Terça-Feira Santa

Nas matinas: Mateus 22:15 e 23-39 — condenação do farisaísmo, quer dizer, da religião cega e hipócrita daqueles que pensam que são condutores de homens e a luz do mundo, mas que, de fato, "fecham o Reino dos céus aos homens."

Na liturgia dos Pré-santifícados: Mateus 24:36-26:2 — o Fim; as parábolas do Fim: as cinco virgens que têm óleo suficiente em suas lâmpadas, e as cinco néscias que não são admitidas no banquete de núpcias; a parábola dos dez talentos: "Estejai prontos, pois eis que o Filho do Homem virá à hora em que não o pensais." E finalmente, o Juízo Final.

A Quarta-Feira Santa

Nas matinas: João 12Ю:17-50 — a rejeição do Cristo; o acirramento do conflito; o último aviso: "É agora o julgamento deste mundo. . . aquele que me rejeita e não recebe minhas palavras terá seu juiz: a palavra que anunciei, ela é que o julgará no último dia."

Na liturgia dos Pré-santifícados: Mateus 26:6-16 — a mulher que derrama o óleo precioso sobre Jesus, imagem do amor e do arrependimento que, sozinhos, nos unem ao Cristo.

Estas perícopes do evangelho são explicadas e comentadas na hinografia desses dias: os estiquérios (stykeroi), as triodes (cânones curtos de três odes cantados nas matinas) ao longo dos quais ecoa esta exortação: o fim e o julgamento estão próximos, preparemo-nos!

«Indo, Senhor, para Tua Paixão voluntária,
no caminho Tu dizias aos Teus apóstolos:
Eis que subimos a Jerusalém
e que o Filho do Homem será entregue,
segundo o que d'Ele está escrito.
Vamos, pois, nós também, acompanhemo-lo,
o espírito purificado;
sejamos crucificados com ele
e morramos Nele para as volúpias da vida
a fim de vivermos com ele e de escutá-lo dizer:
"Eu não subo mais a Jerusalém terrestre para sofrer,
mas subo para meu Pai e vosso Pai,
para meu Deus e vosso Deus,
e eu vos farei subir comigo para a Jerusalém do alto,
no Reino dos Céus».

«Ó, minh'alma, eis que o Mestre te confiou um talento.
Recebe este dom com temor;
Faze-o frutificar para aquele que to deu;
distribua-o aos pobres
e tu terás o Senhor como amigo.
Assim, quando Ele vier em Sua glória,
tu ficarás a Sua direita
e tu ouvirás a palavra bem-aventurada:
"Entra, servo meu, na alegria de teu Mestre"
"Em Tua grande misericórdia,
faz que eu seja digno, apesar do meu afastamento,
oh, Salvador!»

Durante todo o tempo de quaresma, lê-se nas vésperas dois livros do Antigo Testamento: o Gênesis e os Provérbios; no começo da Semana Santa, eles são substituídos pelo Êxodo e pelo Livro de Jó. O Livro do Êxodo é a história da libertação de Israel da escravidão no Egito, e de sua Páscoa; ele nos predispõe a alcançar o sentido do êxodo do Cristo rumo a seu Pai, do cumprimento Nele de toda a história da salvação. Jó, o homem da dor, é o ícone de Cristo do Antigo Testamento. Esta leitura anuncia o grande mistério dos sofrimentos do Cristo, de sua obediência e de seu sacrifício.

A estrutura litúrgica destes três dias é ainda aquela dos ofícios de quaresma: ela compreende a oração de Santo Efrém, o Sírio, e as metanóias que o acompanham (1), a leitura mais longa do salmodiário, a Liturgia dos Pré-Santificados e o canto litúrgico da quaresma. Nós estamos ainda no tempo do arrependimento, porque só o arrependimento pode nos fazer participar da Páscoa de nosso Senhor e nos abrir as portas do festim pascal.

Na grande e santa quarta-feira, durante a última Liturgia dos Pré-santificados, depois de ter alçado os santos Dons sobre o altar, o padre lê uma última vez a oração de Santo Efrém. Neste momento, a preparação chega a termo. O Senhor nos convida agora para a sua última Ceia.

«Senhor e mestre de minha vida
Afasta de mim o espírito de preguiça,
o espírito de dissipação
de domínio e de vã loquacidade
Concede a teu servo
o espírito da temperança
de humildade
de paciência e de caridade
Sim, Senhor e Rei,
Concede-me que veja as minhas faltas
e que não julgue a meu irmão
pois tu és bendito pelos séculos dos séculos. Amém».

* * * * * * * * *

(l) Esta oração, atribuída a Santo Efrém, o Sírio, é lida duas vezes ao final de cada ofício de quaresma, de segunda a sexta-feira: diz-se uma primeira vez fazendo uma metanóia depois de cada súplica; depois inclina-se doze vezes dizendo: "Ó Deus, purifica-me, pecador!"; por fim, repete-se toda a oração com uma última prosternação no final.



Fonte:

O Mistério Pascal - Comentários Litúrgicos, Alexandre Schmémann, Olivier Clément

Semana Santa

A Semana Santa inicia no Domingo de Ramos que lembra a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém sobre um jumentinho, (Lc 19-29-38)

= Quinta-feira Santa: Jesus lava os pés dos discípulos em sinal de humildade, purificação e serviço. É também o dia em que se celebra a Ceia do Senhor com a instituição da Eucaristia, alimento especial e eterno que Cristo nos deixou. Ao consagrar o Pão e Vinho, Jesus celebrou a Primeira Missa e instituiu o Sacramento da Ordem. (Lc 22,1-23)

= Sexta-feira Santa: É o dia da Paixão de Jesus, dia de lembrar a morte de Cristo na cruz. Nós, cristãos, fazemos procissões com Cristo morto, a Via-Sacra (Caminho Sagrado), nos confessamos, fazemos silêncio e jejum. É um dia especial. O sofrimento de Jesus é lembrado pelo povo como sofrimento de todos. São as cruzes que os oprimidos, os pobres, os abandonados e os marginalizados carregam. Neste dia não se celebra nenhuma missa, mas é distribuída a comunhão, que significa a certeza da presença de Cristo vivo e solidário em nosso sofrimento. (Lc 23,33-46)

= Sábado de Aleluia: Na noite de Sábado celebramos a Ressurreição de Jesus Cristo. É o fim das trevas, da escuridão e da morte. Acontece a benção do fogo onde o padre acende uma grande vela, o Círio Pascal. Nela estão gravadas uma cruz e as letras alfa e ômega, a primeira e a última letra do alfabeto grego, simbolizando que Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas.. O Círio representa Cristo ressuscitado, que é a luz, e é acesa durante todas as celebrações litúrgicas até a festa de Pentecostes (envio do Espírito Santo), quando se encerra o tempo Pascal. Também no Sábado de Aleluia é abençoada a água que recorda o nosso Batismo. A Igreja toda está alegre: Nosso Senhor está vivo no meio de nós! Aleluia! (Lc 24,1-8)

= Domingo da Ressurreição: É o domingo da Páscoa quando a igreja celebra sua maior festa: a Ressurreição de Jesus, que é a passagem da Morte para a Vida. A ressurreição é a maior prova de que Cristo é realmente Deus. Jesus está vivo em nosso meio. (Lc 24,1-10)

Jesus continua vivo entre nós através de:

Y De sua palavra escrita no Evangelho;

Y Nos nossos atos fraternos, solidários e justos;

Y Na sua comunidade de amigos, a Igreja.

Mas Jesus está presente de maneira toda especial na Missa, através da Eucaristia.

sábado, 27 de março de 2010

Domingo de Ramos



O Domingo de Ramos abre por excelência a Semana Santa. Relembramos e celebramos a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição. Este domingo é chamado assim porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus passava montado num jumento. Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava “Rei dos Judeus”, “Hosana ao Filho de Davi”, “Salve o Messias”... E assim, Jesus entra triunfante em Jerusalém despertando nos sacerdotes e mestres da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder. Começa então uma trama para condenar Jesus à morte e morte de cruz.

O povo o aclama cheio de alegria e esperança, pois Jesus como o profeta de Nazaré da Galiléia, o Messias, o Libertador, certamente para eles, iria libertá-los da escravidão política e econômica imposta cruelmente pelos romanos naquela época e, religiosa que massacrava a todos com rigores excessivos e absurdos.


Mas, essa mesma multidão, poucos dias depois, manipulada pelas autoridades religiosas, o acusaria de impostor, de blasfemador, de falso messias. E incitada pelos sacerdotes e mestres da lei, exigiria de Pôncio Pilatos, governador romano da província, que o condenasse à morte.

Por isso, na celebração do Domingo de Ramos, proclamamos dois evangelhos: o primeiro, que narra a entrada festiva de Jesus em Jerusalém fortemente aclamado pelo povo; depois o Evangelho da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde são relatados os acontecimentos do julgamento de Cristo. Julgamento injusto com testemunhas compradas e com o firme propósito de condená-lo à morte. Antes porém, da sua condenação, Jesus passa por humilhações, cusparadas, bofetadas, é chicoteado impiedosamente por chicotes romanos que produziam no supliciado, profundos cortes com grande perda de sangue. Só depois de tudo isso que, com palavras é impossível descrever o que Jesus passou por amor a nós, é que Ele foi condenado à morte, pregado numa cruz.

O Domingo de Ramos pode ser chamado também de “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”, nele, a liturgia nos relembra e nos convida a celebrar esses acontecimentos da vida de Jesus que se entregou ao Pai como Vítima Perfeita e sem mancha para nos salvar da escravidão do pecado e da morte. Crer nos acontecimentos da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, é crer no mistério central da nossa fé, é crer na vida que vence a morte, é vencer o mal, é também ressuscitar com Cristo e, com Ele Vivo e Vitorioso viver eternamente. É proclamar, como nos diz São Paulo: ‘“Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai’ (Fl 2, 11).


terça-feira, 23 de março de 2010

domingo, 21 de março de 2010

História da Salvação

Deus quando resolveu criar o mundo, não fez e pronto. Ele planejou o mundo. Deus escolheu o ser humano para habitar nesse paraíso: o Homem – que é Imagem e Semelhança de Deus. Um ser perfeito, com o Dom da criatividade, da palavra e da liberdade, com a função de ser seu co-criador. Ou seja, caberá ao homem, com tudo o que Deus lhe deu, continuar a sua construção desse mundo. Mas o homem rompe essa relação com Deus. O homem nega a Deus, nega ao seu amor, nega-se depender daquele que o criou. Surgindo, assim, o PECADO. O homem quebra o relacionamento consigo mesmo, com o irmão, com a natureza e com a comunidade, reduzindo a convivência a uma confusão (Babel). Com isso, o homem se afasta de Deus, sai desse paraíso que ele criou.

Mas Deus ama muito seu povo. Deus quer que seu plano inicial (a criação do mundo perfeito) seja real, seja possível. Por isso, Deus não abandona seu povo, Ele nos protege, nos chama novamente para si, pois ele quer nos salvar: libertar do mal e do pecado. Mais ou menos em 1800 AC, tínhamos diversas nações espalhadas pelo mundo, grupos de homens divididos entre povos, cada um acreditando num deus. E nessa confusão, Deus escolheu seu povo, aquele o qual deveria amar um único Deus: Javé. Esse povo escolhido era o povo de Israel (o povo hebreu – significa “marginalizados”), o qual Deus escolheu para com ele iniciar seu caminho. Esse povo encontrava-se espalhado pelo Oriente Médio.

Seu futuro povo, andava na Mesopotâmia (hoje Iraque) em busca de um pedaço de terra, tentando buscar uma vida um pouco mais abençoada. Vendo a preocupação e o sofrimento de seu povo, que sempre clamava por ajuda, Deus escolhe um homem para liderar esse povo: Abraão, era um homem de muita fé que foi o primeiro patriarca. É o primeiro pai e fundador do Povo da Bíblia. Assim Deus promete ao povo a terra prometida se eles aceitarem Javé (aquele que é) como seu único Deus.

Assim, ABRAÃO, com sua esposa SARAI, começa a caminhar com o povo para a terra prometida, conforme Deus havia lhe dito. Deus, por diversas vezes testa a fé de Abraão, mas este se mostra fiel ao Deus que escolheu para ser seu guia. Primeiro, pela dificuldade que Abraão teve de ter seu descendente; depois, ele pede esse mesmo primogênito como sacrifício. O caminho de Abraão não foi fácil, ele precisou ter muita fé, confiança, para seguir sua missão. Abraão chega com o povo até a terra prometida Canaã, Palestina (Israel). Lá, a descendência de Abraão vai crescendo e dando lugar a novos povos. Seu filho ISAAC continua sua missão, mantendo o povo junto. Isaac busca uma mulher para continuar a descendência do povo de Deus, e escolhe REBECA, e com ela ele tem dois filhos: ESAÚ e JACÓ (também chamado depois de Israel).

E o povo crescia cada dia mais, e as diferenças aumentavam entre as pessoas. Com isso, o povo migra novamente em busca de mais terra, chegando até o Egito, levados pelos 12 filhos de Jacó. Cada um com uma tribo. Mas não havia diferença entre o povo da Palestina e o do Egito: ambos eram oprimidos. Todos sofriam, e tinham o desejo de ter uma terra que fosse sua e a vontade de ter uma vida mais abençoada. No Egito, o povo era escravo dos Faraós., O povo hebreu crescia dia a dia. A ponto do faraó adotar o genocídio como controle de natalidade. Mas o povo continua oprimido e clamando por seu Deus. Deus novamente escuta esse clamor e resolve atender ao seu povo.

Naquela época, em mais ou menos 1300 AC, no Egito, uma mulher hebréia, teve um filho e não desejando que ele morresse pela mão do Faraó, o coloca num cesto e o deixa na margem do rio, para que alguém pudesse encontrá-lo e cuidar dele. Essa criança foi encontrado pela própria filha do Faraó, que o chama de MOISÉS – “tirado das águas”. Percebe-se como Deus é o Senhor da história e domina todas as circunstâncias, pois o próprio faraó que se tinha proposto aniquilar o povo de Deus, educa e prepara em sua própria casa o maior libertador de todos os tempos. Moisés tem uma difícil missão: Libertar o Povo de Deus da Escravidão. Moisés, então, lidera o povo de Deus pelo Egito, fugindo da escravidão, libertando o povo da opressão.

Eles caminham 40 anos pelo deserto, Moisés e o povo de Deus, em direção a terra prometida. O tempo todo, Deus acompanha seu povo. Mas o povo ora está satisfeito, ora está insatisfeito. Em diversos momentos, o povo diz preferir a vida de escravo no Egito que esse processo de libertação. No deserto, o povo teve fome, é Deus lhe dá o que comer – o Maná. Mas o povo fica preocupado com o dia de amanhã, pois não confia no seu Deus, e resolve estocar. Não acredita no projeto de Deus, onde não é preciso haver acúmulos de alimentos (a não ser em casos de necessidade), onde deveria imperar a partilha. O povo já demonstra sua fraqueza, suas inseguranças.

Por isso, os 40 anos no deserto, foram para o grupo se fortalecer na fé e na confiança. Suas idéias eram basicamente essas: descentralização de Poder; impede-se a acumulação desnecessária; a organização se faz igualitária em forma de tribos, sem poder central.

O povo chega até a Palestina (a terra prometida) liderado por JOSUÉ, onde encontra um povo também oprimido. Esse grupo mais organizado que chega a palestina onde encontra adesão dos oprimidos, inicia uma longa luta contra o sistema dos Reis de Canaã. Por durante 200 anos, mais ou menos de 1200 a 1000 AC, o povo vive na Palestina sobre a Figura central de Deus, entre altos e baixos. Eles não conseguem o objetivo final, mas iniciam uma boa estrada. Aos poucos, a idéia da sociedade igualitária vai enfraquecendo. E mais ou menos em 1025 AC, com a morte de SAMUEL, o povo deseja um Rei. E com isso toda a estrutura anterior, do projeto de Deus, vai se perdendo. Outro sinal de que essa Aliança estava enfraquecendo era o aparecimento de gente empobrecida no seio do povo.

Apesar de entender todas as coisas, o Povo é, muitas vezes, infiel a Aliança. Cai no pecado, na desobediência. Voltam os mesmos problemas, as opressões, as divisões de idéias. O povo volta a ficar perdido. Começam as acumulações de poder e terra, trabalhos forçados, cultos estrangeiros... Mas Deus sempre se preocupou com seu povo, sempre o acompanhou de perto. Surgem aqueles homens sábios e santos, chamados PROFETAS. Eles falam em nome de Deus e chamam a atenção do Povo quando está indo por um caminho errado. Mas os Profetas não somente ameaçam. Em tempo de grande sofrimento e perseguição, são eles que falam da esperança: “Deus virá novamente libertar se Povo. Deus não se esqueceu da sua Aliança. Ele vai concluir uma nova Aliança”.

Anunciavam a nova Aliança, a vinda de Messias, do Salvador, aquele que libertaria o seu povo. Depois de Ter falado pelos Profetas, Deus quer falar ainda mais de perto. Quer revelar-se ainda melhor. Deus se fez homem para fazer a salvação. Veio ao mundo que criou com tanto amor para mostrar uma forma de buscar a justiça, de se relacionar com os irmãos. Ele veio e passou para os Apóstolos a missão de continuar o novo Reino: um reino de justiça e amor. Trouxe o desafio de vivermos de forma diferente. A história do Povo de Deus, o novo Israel, continua.

Hoje, ainda somos convidados a fazer parte desse povo, a caminhar com o Povo de Deus em busca da terra prometida, em busca da felicidade. Para isso, é preciso nos organizarmos, por isso os trabalhos nas Igrejas.

Por: Juberto Santos

A atualidade da missão de São José

Dois textos bíblicos falam de José, o pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo: Mt 2, l3-23 e Lc 2, 4-52. Destes textos, uma atenta leitura nos leva a tirar dois dados importantes: sua condição de carpinteiro: "Não é este (Jesus) o filho do carpinteiro? “(Mt 13-55). Era conhecido, portanto, em Nazaré, por seu ofício. O outro dado é um juízo sobre sua pessoa: "Seu esposo José, como era justo e não queria colocá-la em evidência...” (Mt 1,19). Por estes textos e dados fundamentais, reconstruiu-se a imagem de São José como esposo fiel de Maria, pai adotivo de Jesus e honrado artesão e operário, que vivia de seu trabalho. Nada mais sabemos de sua vida, nem de sua morte, a não ser através dos evangelhos apócrifos.

A figura de São José adquire em nossos dias uma grande popularidade. Pio IX o declarou patrono da Igreja Universal, Pio XII instituiu a festa de São José Operário, João XXIII pede sua proteção especial para o Concílio Ecumênico Vaticano II e acrescenta seu nome ao cânon da missa. É ainda patrono dos pais de família, dos tesoureiros, dos procuradores, dos trabalhadores em geral. Servidor fiel e prudente a serviço da Sagrada Família, continua sendo servidor da família cristã, modelo das virtudes do lar.

A vida de São José foi toda ela um contínuo serviço a Jesus e a Maria. Nós cremos que foram realmente proféticas as palavras que lhe dirigiu o sábio oriental quando lhe disse que ele era "o mais feliz dos mortais..." Sim, ele o foi. Que outro paraíso podia dar-lhe Deus, se ele já viveu o céu na terra?

Nós falamos de São José, que tão pouco foi mencionado, mas precisamos falar com ele. Na verdade, ele nos disse muitas coisas com o seu silêncio eloqüente e santificador, com a sua prontidão em executar os desejos de Deus. Jesus, que sempre nos ensina a toda a humanidade, a dignificar o próprio trabalho, recebeu seu carinho e proteção.

São José é o protetor da Igreja Católica Universal, que peregrina em todo o orbe. Devemos ter uma profunda devoção por ele porque protegeu Maria e Jesus e é modelo de todas as virtudes.

Se confiarmos aos seus cuidados à unidade da Igreja, as ordens e os movimentos religiosos, as famílias, ele guardará os jovens e as crianças para que não sejam arrastados pela maldade do mundo, mas caminhem protegidos por ele, segundo os planos de Deus.

Procuremos descobrir hoje e sempre, continuamente, a presença de São José em nossas famílias, no mistério de nossa fé. E ele continuará sendo, como sempre o foi, o nosso protetor, o nosso modelo. Que ele rogue a Deus por nós, por este mundo tão afastado do amor e que precisa tanto seguir o exemplo deste santo, escolhido e amado por Deus, por Maria e por nós. São José, rogai por nós!

sábado, 20 de março de 2010

Catequista por vocação

Afirma o Diretório Geral para a Catequese que “a vocação do leigo à catequese tem origem no sacramento do Baptismo e fortalece-se pela Confirmação, sacramentos mediante os quais ele participa do « ministério sacerdotal, profético e real » de Cristo. Além da vocação comum ao apostolado, alguns leigos sentem-se chamados interiormente por Deus, a assumirem a tarefa de catequistas. A Igreja suscita e distingue esta vocação divina, e confere a missão de catequizar. Dessa forma, o Senhor Jesus convida homens e mulheres, de uma maneira especial, a segui-Lo, mestre e formador dos discípulos. Este chamado pessoal de Jesus Cristo e a relação com Ele são o verdadeiro motor da acção do catequista. « É deste conhecimento amoroso de Cristo que jorra o desejo de anunciá-Lo, de « evangelizar », e de levar outros ao « sim » da fé em Jesus Cristo “(DGC 231).
Ser catequista é uma vocação! É um chamamento da parte de Deus para uma missão. O catequista, ao sentir esse chamamento verifica que necessita compreender melhor seu trabalho missionário.
Sentir-se chamado a ser catequista e a receber da Igreja a missão para fazê-lo pode adquirir, de facto, diversos graus de dedicação, segundo as características de cada um.
Há muitas formas de exercer o ministério catequético, mas independente delas, o catequista deve esforçar-se para desenvolver em si as seguintes características:
SER CATEQUISTA
Ser
Saber
Fazer
Conviver
Vocação: Sou chamado a servir
Sou discípulo e devo aprender com Jesus
Sou enviado pela Igreja, em missão
Devo formar comunidade fraterna
3. O Catequista é discípulo de Jesus
O catequista é um instrumento vivo, através do qual Deus se comunica com os homens; é um educador da fé e não um mero repetidor de uma doutrina; é um transmissor do Evangelho com a própria vida, seguindo o conteúdo, o estilo, os critérios e os métodos de Jesus, aprendendo a ter os seus mesmos sentimentos (cf. Fl 2, 5-11).
Então, o CATEQUISTA é um homem ou uma mulher, escolhido (a) por Deus, através da sua Igreja, e por ela encarregado (a), para ser um sinal-instrumento eficaz para transmitir, com a própria vida e pela Palavra, a Boa Nova do Reino Deus que aconteceu em Jesus Cristo.
O catequista torna-se assim um mediador entre o diálogo que Deus quer empreender com todos os homens. É uma pessoa que encontrou e aderiu a Cristo e à sua Palavra tornando-se, por isso, uma testemunha deste encontro e desta adesão. É um “mestre” que busca ajudar os outros homens, seus irmãos, a descobrirem e a conhecerem aquilo que Deus falou e quer e deles espera como resposta de amor: “que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2,40). É um educador, que conduz cada pessoa a desenvolver o germe da fé baptismal, isto é, aquilo que cada um possui de melhor dentro de si, ou seja, Jesus Cristo, dom impresso pela graça baptismal.
O catequista é uma testemunha, capaz de santificar Cristo em seu coração e que está sempre pronto a dar razão da sua esperança a todos aqueles a pedirem. Isto torna-se, por assim dizer, uma tarefa ainda maior nos nossos dias, que imersos num contexto secularizado e de inversão de valores, exigem do catequista uma capacidade de incarnar no mundo a própria fé e de comunicá-la de modo convincente e crível, a fim de que os homens se possam libertar de tudo aquilo que é contrário à sua dignidade de filhos de Deus.
Como educador da fé dos seus irmãos, o catequista é devedor a todos do Evangelho que anuncia, ao mesmo tempo em que se deixa educar pela fé e pelo testemunho daqueles que catequiza

Vocação do Catequista


Antes de falarmos sobre a pessoa do catequista, convém recordar algumas verdades que fundamentam sua ação pastoral, já que este fala em nome da Igreja e é enviado por ela para exercer sua missão.
Em primeiro lugar é importante ressaltar que a Igreja « existe para evangelizar », isto é, para « levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade », conforme nos ensina o Papa Paulo VI na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (EN 14).
O Diretório Geral para a Catequese (DGC), afirma que a evangelização tem como finalidade convidar homens e mulheres à conversão e à fé (DGC 53). E este chamamento de Jesus, « arrependei-vos e crede no Evangelho » (Mc 1,15), continua a ressoar hoje, mediante a evangelização da Igreja, que pode ser realizada de muitas formas. Entre estas, destaca-se a catequese. O ‘momento’ da catequese é aquele que corresponde ao período em que se estrutura a conversão a Jesus Cristo, oferecendo as bases para aquela primeira adesão (DGC 63). A catequese, « distinta do primeiro anúncio do Evangelho » (DGC 182) promove e faz amadurecer esta conversão inicial, educando à fé o convertido e incorporando-o na comunidade cristã.
A catequese na Igreja é um ensino que remonta à época apostólica, mas que tem a sua fonte primeira no próprio Jesus, que foi um excepcional mestre de doutrina e de vida. Ele era chamado pelos discípulos e pelas multidões de rabbi, isto é, mestre (cf. Jo 1,49; 3,2; 4,31; 6,25; 9,2; 11,8). Ensinou durante a sua vida ministerial com uma autoridade que causava espanto e admiração em todos os que o ouviam, e que superava sem medida a forma com que ensinavam os mestres da lei da sua época (cf. Mc 1,22).
Hoje em dia, ainda que a catequese seja uma responsabilidade de toda a comunidade cristã, há algumas pessoas que recebem um encargo especial, nesta tarefa pastoral.
São elas:
  • Os Bispos: primeiros responsáveis pela catequese, catequistas por excelência ;
  • Os sacerdotes: pastores e educadores da comunidade cristã;
  • Os pais: primeiros educadores dos próprios filhos à fé;
  • Os leigos: grande maioria no desempenho da pastoral catequética.

Preparar um encontro de catequese

Quem vai para o mar avia-se em terra! O que é verdade em tudo na vida e também na catequese. Uma catequese bem preparada é mais de metade do sucesso.

Uma história de amor que vem de longe

Recorda-te do sentido da tua missão como catequista. És mais do que um "professor" de catequese. És um enviado. És uma testemunha. És um apaixonado pela causa de Jesus e pelo Jesus da causa. Estás nisto porque já experimentastes que Jesus e a sua mensagem enchem a tua vida de sentido e de alegria. E por isso queres partilhar com outros esta "vida em abundância" que só Jesus dá.

O equipamento

Pessoalmente ou com o grupo que faz catequese contigo preparas a catequese com o material necessário:

- O catecismo e o guia;
- A Bíblia;
- O catecismo da Igreja Católica (para aprofundar e tirar dúvidas).
- O mapa

Recorda os objetivos deste bloco. Recorda o que já se fez.

Recorda as dificuldades e os sucessos das catequeses anteriores.

Lê o guia. Detém-te nos objetivos propostos. O que Têm a ver com a vida dos catequizandos? O que têm a ver com a tua vida? Que aspectos da vida dos catequizandos podem ganhar outro sabor quando eles atingirem estes objetivos?

Lê e medita a introdução à catequese.

Estuda, medita e reza os textos propostos para o anúncio da palavra. Usa as notas e os comentários da tua edição da Bíblia.

Cativa a atenção dos participantes

Qual a proposta que o Guia faz para a experiência humana? Verifica se ela é adequada para a realidade dos teus catequizandos. Haveria uma outra forma mais eficaz de ajudar os catequizandos a atingir os objetivos? Quais os materiais necessários? Eles já estão disponíveis no Centro Paroquial? De quanto tempo prevês necessitar para estas atividades?

Lê as propostas do anúncio da Palavra: Verifica se a linguagem usada é acessível aos catequizandos do teu grupo. Como é feito o anúncio da Palavra? Recordas alguma forma mais criativa e atraente de ajudar o grupo a acolher essa Palavra como Boa Notícia? Quanto tempo vais usar?

Quais as propostas do Guia para a expressão de fé? No caso de haver uma proposta de oração, quais os recursos de que vais precisar? Não esqueças que alguns dos catequizandos podem (ainda) não ter hábitos pessoais de oração. Prepara uma boa ambientação para uma oração autêntica. De quanto tempo vais necessitar?

Soma os tempos necessários e verifica se não excedem o tempo habitualmente disponível para a catequese. No caso de exceder, revê alguma das actividades. É normal que não saibas quanto tempo vais usar numa determinada atividade. Com prática deste exercício vais ficando mais rigoroso(a).

Quem é mais ativo? Tu ou os catequizandos? Na catequese, não deves ser tu que explicas, que mostras ou que ensinas; devem ser eles a aprender, compreender, descobrir. Se isso não acontecer, revê a tua programação de modo a que os catequizandos sejam mais ativos.

A hora da verdade

Prepara os materiais necessários. No caso de ser necessário requisitar algum material ou alguma sala especial (auditório, capela...) ou adquirir algo, fala e reserva com tempo com o responsável do Centro Paroquial que é como tu sabes o Sr. Mascarenhas.

Até ao dia da catequese não te esqueças de ter presente os teus catequizandos na oração. Especialmente os mais "difíceis".

No dia da catequese chega ao Centro Paroquial com tempo. Não te esqueças dos materiais em casa! Arruma a sala(o espaço) e apronta tudo o que for necessário.

Reserva 20 minutos (pelo menos) antes da catequese para encontrar e saudar os catequizandos e os pais.
Assegura um bom acolhimento a todos!!!

A hora da verdade

Logo depois de te despedires dos catequizandos e das suas famílias, avalia a catequese. Verifica se agiste de acordo com o planificado. Assinala os acontecimentos e momentos mais intensos do encontro de catequese. No caso de ter havido falhas e problemas, aceita-os com humildade e fé. Dá graças ao Senhor por mais este momento de anúncio do Evangelho e pede que Ele reforce o teu entusiasmo e criatividade.
Verifica a forma de participar de cada um dos catequizandos. Se algum faltou, tenta saber porquê. O que se pode fazer para que não continue a faltar? Elogiaste algum catequizando que esteja a dar um contributo mais positivo?

Hora Santa



HORA SANTA - QUEM É JESUS


L- Vamos iniciar nossa Hora Santa: Quem é Jesus? Nenhum entendimento é capaz de abraçar, em síntese densa, toda a riqueza dos atributos de JESUS. Até o final dos tempos, criar-se-Ão sempre novos paradigmas na esperança de captar algo mais diferente do esplendor e do brilho desse mistério insondável. No entanto, as verdades mais reais a seu respeito se expressam melhor no silencio digno e santo da adoração.



D- Perceber o sentido da Eucaristia é tarefa confiada à oração, ao silencio, à reflexão, ao amor, à contemplação. Abrir-se, portanto, à realidade suprema da infinitude do Pai por Jesus Cristo. Encontrá-lo no coração. Nele viver. Com ele estar e dentro de seu mistério se perder.


T- Eu vivo e vós vivereis/ Eu estou no Pai/ e vós em mim e eu em vós (Jo14,19-20). Jesus, teu nome tem poder/, Vem quebrar os grilhões/ que estão a me prender./ Meu Senhor! Meu Deus! Meu Salvador! Bendito sejas!


C- Juntos façamos o sinal da cruz.


C- A graça de Deus, nosso Pai e criador, a paz de Jesus, nosso Deus e Salvador, e a luz do Espírito Santo, nosso Deus e Santificador, estejam sempre conosco.


T- Bendito seja Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, que nos reuniu para esta hora de adoração e de louvor.


C- Ponhamo-nos na presença de Deus... Deus, em cuja presença nós estamos, se nos antecipa em tudo. Ele nos dê, então a graça do conhecimento de nossa consciência, a graça do arrependimento de todo pecado, de toda culpa, de toda infidelidade, de toda incoerência, de todo avanço dos sinais de nossa consciência moral crista e religiosa; a graça do perdão que nos purifica. Ele nos dê a graça que nos santifica plenamente; corpo, alma e espírito.


Façamos alguns instantes de silêncio.


C- Deus todo poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo, que nos reuniu para esta hora de adoração e louvor, dê-nos a capacidade de rezar como convém. Sozinhos somos incapazes. Avivemos nossa fé neste mistério: a presença real de Jesus na aparência do pão. Parece pão, mas na realidade é o corpo, o sangue, a alma e a divindade de Jesus.


(Exposição do Santíssimo, canto de adoração)


C- Bem dentro da tradição ocidental da Igreja, O Espírito Santo é quem santifica, leva à fé, fundamenta nossa esperança, faz viver o amor teologal. Mais ainda: criador da vida e penhor da ressurreição, a vida plena. Ressurreição: realização última e acabada da vida iniciada na criação. Espírito Santo, vento divino que sopra onde quer, cujo desejo é a vida e a paz (Jo3,8; Rm8,6). Cantemos ao Espírito Santo.


JESUS, NOSSO DEUS-SALVADOR


L- Quem é Jesus a quem estamos adorando presente e vivo sob a aparência do Pão? JESUS, eis o nome que revela o mistério da própria pessoa.


TODOS- Jesus é o nosso Deus e nosso Salvador.


L- Este nome, com a realidade que ele é e representa, não perdeu seu valor e sua eficácia originais. Continua a ter extraordinário e infinito poder sobrenatural. Toda a graça nos vem dele.


(Alguns instantes de silencio e quietude para uma adoração pessoal, individual. O silêncio orante é regenerador. Capacita à escuta da Palavra e à comunhão com o Senhor.)


C- Jesus é nosso Deus e nosso Salvador. Toda graça nos vem dele. Invoca-lo com fé é a solução.


C- Jesus, nosso Deus.


T- Tende piedade de nós.


C- Jesus nosso Pastor,


T- Guiai-me Àquele que está alem de qualquer imagem, Deus, Vosso Pai e nosso também.


C- Jesus, nossa porta,


T- Sede a nossa segurança e a nossa liberdade


C- Jesus o Servo de Deus.


T- Ensinai-nos a servir. Servir é uma foram de amar.


C- Jesus, nossa luz,


T- Iluminai-nos, iluminai nossos passos no caminho da paz, do amor, do céu. Fazei brilhar sobre nós a luz da vossa face. Amém.


(Alguns instantes de silencio e quietude. No mais profundo do próprio ser adorar e louvar, agradecer e suplicar. Para Deus, o seu silêncio é um louvor. Aqui o silêncio é a palavra.)


L- Jesus, é a expressão histórica definitiva da atuação do Espírito Santo e o marco último da verdade. Em Cristo e por Cristo, no Espírito, voltemos ao Pai.


T- Ó Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, nós vos adoramos, embora nada compreendamos. Ó Trindade, em vós cremos porque foi Jesus quem nos revelou o Pai que com Ele vive na unidade do Espírito Santo. Amém.


(Silencio para oração pessoal. Nós pais, precisamos cultivar um tempo de silencio diário, para orar e escutar o Senhor , que nos fala no silencio).


JESUS, O SENHOR, NOSSO SENHOR


D- Jesus, o Senhor, o nosso Senhor, expressa a mais antiga profissão de fé e exerce papel central na Liturgia. A celebração Eucarística, como um todo, é a Ceia do Senhor. O dia em que nos reunimos para celebra-la é o Dia do Senhor. Toda oração litúrgica termina “por Cristo, nosso Senhor”, Jesus , o Senhor, é o inicio e o centro da fé cristã. Cantemos esta verdade:


T- Jesus Cristo é o Senhor... (da minha vida)


L- Proclamar com a boca e o coração: “Creio em um só SENHOR, Jesus Cristo”, eis o critério de orientação de nossa vida para segui-lo e chegar à salvação. O canto sublima nossa oração e sublima nosso encontro com Deus. Alma cheia de esperança e pulmões cheio de ar, cantemos a nossa fé.


T- Jesus Cristo é o Senhor, ... (do meu passado.)


Na certeza constantemente experimentada de nossa fraqueza e incoerência e da extraordinária força de Deus em nós, oremos. Orar resolve sempre. Oremos sempre sem nunca desanimar. Oremos agora com fé.


C- Quando a fé enfraquece,


T- Socorrei-nos, Senhor.


C- Quando a esperança morre,


T- Socorrei-nos, Senhor.


C- Quando amar é difícil


T- Socorrei-nos, Senhor.


C-Quando o pecado nos oprime,


T- Socorrei-nos, Senhor.


C- Quando os filhos nos abandonam,


T- Socorrei-nos, Senhor.


C- Quando abandonamos nossos filhos, a própria sorte,


T- Socorrei-nos, Senhor.


C- Na doença e na dor,


T- Socorrei-nos, Senhor.


T- Socorrei-nos sempre, ó Deus, em vosso amor de Pai. Nós vo-lo pedimos por Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.


(Vamos fazer um momento de silêncio, para sentirmos a paz que vem de Jesus. No silencio ouvir a voz de Jesus.)


L- Seguir Jesus porque ele é o Senhor. Exige obediência e garante vida, sobrevida e paz. Ele salva porque é nosso Deus e Salvador. Cheios de fé, oremos cantando:


T_ Jesus Cristo é o Senhor... (do meu futuro)


JESUS, O FILHO, ENSINA A REZAR AO PAI


D- Quem é Jesus a quem estamos visitando para adorar? Jesus é o Filho de Deus, por natureza, de geração imanente e eterna. Inenarrável, antes de todo começo. Filiação absolutamente singular. Filho Unigênito. De modo exclusivo e insuperável.


C- Pois um dia ele disse a mim e a você, a cada um de nós: Pode chamar Meu Pai de seu pai, também. No Espírito, por Jesus, voltemos a este Pai com amor de filhos neste inicio do terceiro milênio. Abba: Pai, meu Pai, Papai. Pai nosso, a prece exemplar da família de Deus. Rezemos : Pai nosso que estais no céu...


L- Quem é Jesus a quem estamos visitando para adorar? Um homem verdadeiro. Sente emoção no corpo e na alma. Comove-se em suas entranhas. Semblante triste. Emoção profunda. Chora. Foi simplesmente homem humano. Não disfarçou as lagrimas. Lágrimas quentes, silenciosas, espontâneas, solidárias, ardentes.


T- Senhor, ensina-me a chorar.


Chora comigo sobre tantos sofredores


De rua, sem terra, sem moradia, sem moradia.


Homens de faces maceradas pelas privações,


Mulheres aflitas e humilhadas por não terem


o suficiente para o sustento de seus filhos.


Jovens sem perspectiva de futuro.


Ensina-me a chorar e chora comigo, Senhor,


Para, mais uma vez, redimir e transfigurar,


Plenificar de esperança a quantos jazem


Nos porões da humanidade: famintos, presos,


Torturados, doentes, homens, mulheres,


Crianças. Jesus chora comigo,


Para salvar tamanha dor e enxugar


As lágrimas de todos os rostos. Amém.



C- Quem é Jesus a quem visitamos para adorar? Jesus é a última, autentica, definitiva e esgotadora Palavra de Deus à humanidade.


Palavra VISIVEL: Quem vê o Filho e nele crê tem a vida eterna


Palavra AUDIVEL: Quem escuta a minha Palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna.


Palavra PALPAVEL: Põe aqui o dedo. Não sejas incrédulo, mas homem de fé.


Palavra DEGUSTAVEL: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna.


L- O canto rompe a insuficiência de nossa palavra e amplia o seu sentido.


A comunidade que canta unida intensifica a própria união. Vamos sentir e experimentar esta verdade. Cantemos ao Espírito Santo, fonte de toda união.


EUCARISTIA, PRESENÇA REAL


C- Jesus teve um corpo material: carne, sangue, osso. Este corpo morreu e Deus o ressuscitou glorioso. É o mesmo corpo material: carne-sangue-osso, mas de um jeito diferente de ser. É este corpo material, mas ressuscitado e, portanto, transformado num jeito diferente de ser, que se faz realmente presente na Eucaristia. Entendeu? Ninguém pode entender. A inteligência humana experimenta assombros quando se aproxima desse abismo de amor divino. Eis o mistério da fé.


T- Toda vez que comemos deste pão, toda vez que bebemos deste vinho, anunciamos a morte de Jesus, proclamamos a sua ressurreição e aguardamos a volta do Senhor que vem satisfazer nosso ardente desejo de amor que tem sede e fome da presença do Senhor.


(Santo Inácio de Loyola nos ensina uma maneira de estarmos sempre em oração, em qualquer lugar. Silencio profundo. Adore ao ritmo da pulsação de seu coração e repita: Je...sus. Je...sus. Meu...Deus! Meu...Salvador! Bendito...sejas! Faça muitas vezes durante o dia e a noite esta oração.)


C- Eucaristia: PRESENÇA. Esta presença real de Jesus não se entende como presença de realidade material, como se o corpo de Cristo estivesse enclausurado, imóvel, estático. Sim, lá está vivo, irradiante, ativo, atuante, ressuscitado, sem ser limitado pelo espaço e pelo tempo. Eis o mistério a ser contemplado longamente, num silencio compenetrado de oração e docilidade às iluminações interiores do Espírito.


(Silencio... )


L- Quem é Jesus a quem estamos visitando para adorar? Ele é o caminho, a verdade e á vida.


T- Porque és, Senhor, o caminho que devemos seguir.


Nós te damos, hoje e sempre, toda a glória e louvor.


Porque és, Senhor, a verdade que devemos aceitar.


Nós te damos, hoje e sempre, toda a glória e louvor.


Porque és, Senhor, a vida que devemos viver.


Nós te damos, hoje e sempre, toda a glória e louvor.



C- Queremos nesta noite nos consagrar e também a nossa família a Maria Mãe de Jesus.


T – Ó minha Senhora...


Cantar Tão Sublime sacramento.


Benção e abraço da paz.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Missa de Envio

A nossa missa de envio será no próximo domingo dia 14 de março as 9:00 na Igreja São Geraldo
Beijinhos a todos
Nanda

Catequese e celebração da fé

Celebrar: elemento constitutivo da fé!


Porque celebramos? Porque todo o homem é um celebrante. Celebrar é, antes de mais, uma actividade humana. As festas e celebrações não pertencem exclusivamente ao domínio religioso: celebram-se aniversários, festas nacionais, bodas de prata... A festa é presença universal em qualquer cultura. É um “tempo forte”, especial, que rompe a monotonia do dia a dia. É celebração comunitária de qualquer coisa, desde que isso seja sentido como um valor. Uma comunidade festeja o que considera importante.

Porque todo o homem religioso é um celebrante. A celebração da fé é elemento fundamental e estruturante de qualquer religião. Festa e religião estão intimamente ligadas. Também as festas e celebrações religiosas respondem ao desejo profundo de avaliar a vida, sublinhando o essencial, e de comunhão. Contudo, introduz aí um factor novo: a relação com Deus. A festa religiosa é sempre um anseio de viver o mais próximo possível de Deus, de entrar em comunhão com ele.

Porque todo o cristão é um celebrante. A Liturgia insere-nos na História da salvação, que tem o seu centro em Jesus Cristo. A Constituição SC afirma: “Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também Ele enviou os Apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só para que, pregando o Evangelho a toda a criatura, anunciassem que o Filho de Deus, pela sua morte e ressurreição, nos libertara do poder de Satanás e da morte e nos introduzira no Reino do Pai, mas também para que realizassem a obra de salvação que anunciavam, mediante o sacrifício e os sacramentos, à volta dos quais gira toda a vida litúrgica” (SC 6).

O cristianismo, mais que uma ética ou moral, mais que um conjunto de dogmas e ensinamentos, é uma pessoa: Jesus Cristo. Celebramos porque na Liturgia, Cristo está especialmente presente: “Cristo está sempre presente na sua Igreja, especialmente nas acções litúrgicas. Está presente no Sacrifício da Missa quer na pessoa do ministro (...), quer principalmente sob as espécies eucarísticas. Está presente com o seu poder nos Sacramentos (...). Está presente na sua palavra, pois, quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é Ele quem fala. Está presente, enfim, quando a Igreja reza e canta, Ele mesmo que prometeu: onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles (Mt 18, 20)” (SC 7). Celebramos porque é desse encontro com Cristo que recebemos a força, a alegria e o estímulo para viver e testemunhar a fé. Não que esse encontro só seja possível na e através da Liturgia, mas aí de modo muito especial: “toda a acção litúrgica (...) é acção sagrada por excelência cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau, nenhuma outra acção da Igreja pode igualar” (SC 7).

Celebramos porque “a liturgia é simultaneamente o cume para o qual se encaminha a acção da Igreja e a fonte de onde dimana toda a sua força” (SC 10). Toda a acção pastoral da Igreja se deve orientar para a comunhão na vida divina, realizada na Liturgia. Por outro lado, é à celebração que a Igreja vai buscar a sua força e dinamismo, para continuar a sua missão no mundo. Isto não significa que a Liturgia seja tudo, na vida da Igreja. De modo algum. A participação na Liturgia pressupõe o anúncio (SC 9) e deve conduzir à acção concreta: “A própria Liturgia impele os fiéis (...) a «viverem em perfeita concórdia»; pede que «manifestem na vida quanto receberem pela fé»” (SC 10).

Celebrar faz parte da fé! Não se trata de um elemento mais, mais de um elemento fundamental e estruturante da própria fé. Uma fé que não se exprima também na celebração, é uma fé morta, reduzida ao subjectivismo da "minha fé": se ser cristão é estabelecer com Cristo uma especial relação, a celebração é indispensável para estabelecer e manter viva tal relação.

Celebrar envolve a totalidade do nosso ser. Ora, a fé não se reduz a um conjunto de ideias sobre Jesus Cristo; enquanto relação que é, exige o envolvimento de todas as nossas capacidades comunicativas. Na celebração isso acontece necessariamente: celebrar não é fazer um discurso; é um "fazer" ritual e simbólico.

Em qualquer celebração, há três aspectos ou circunstâncias que a caracterizavam:
“O ponto de partida ou a ocasião de uma celebração é um acontecimento importante ou mesmo sensacional (“festivitas”, “solemnitas”). Tal acontecimento, actual ou comemorado, determina então, em segundo lugar, a convocação de uma assembleia, de uma reunião mais ou menos grande e solene (“conventus”, “coetus”, “frequentia”). Daí decorre, em seguida, a acção festiva (“actio”, “effectio”), terceiro elemento constitutivo da celebração normal. (...) Celebrar é, antes de tudo, realizar alguma coisa em comum, solene e religiosamente” .

Uma celebração, então, parte sempre de um acontecimento (ou de uma pessoas enquanto sujeito de um acontecimento), comemorado por meio de uma acção festiva; tal acção festiva é sempre realizada em comum e não individualmente. Se qualquer um destes elementos é fundamental para que exista “celebração”, o acontecimento é o mais determinante, já que é tal acontecimento que justifica e exige os outros 2 elementos, a reunião da assembleia e a acção festiva.


Catequese e Liturgia


Se a celebração é elemento fundamental da vida cristã, não pode estar ausente da catequese, enquanto iniciação vital à vida cristã. Mas há um outro motivo para valorizar a dimensão celebrativa das crianças: a sua psicologia. A criança tem uma aprendizagem activa, necessita do actividade; a iniciação à fé cristã tem de ser também necessariamente activa. Se se pretende uma catequese vivencial, as celebrações têm de estar de facto presentes. E as mais importantes celebrações são, precisamente, as celebrações litúrgicas.
Catequese e Liturgia (celebração da fé) estão intimamente unidas.
– Ocupam-se ambas do mesmo mistério - Jesus Cristo -, embora de modos diferentes
– Ambas se dirigem à totalidade da pessoa (e não apenas à inteligência ou à sensibilidade) e recorrem, porisso, à linguagem simbólica
– A catequese tem necessidade da celebração litúrgica, já que, baseando-se na Palavra de Deus, o que pretende é levar as crianças e adolescentes a expressar essa fé, incarná-la na vida e celebrá-la em comunidade. A Liturgia é a meta de toda a acção da Igreja, logo, também da catequese.
– Mas é também a Liturgia a ter necessidade da catequese: a participação na celebração litúrgica supõe o prévio anúncio do Evangelho, da Palavra de Deus; supõe uma primeira iniciação, para que seja possível a participação; exige um posterior aprofundamento do mistério celebrado.
É claro que aqui se pressupõe uma concepção de catequese que é – tem que ser – bem mais que mera transmissão de saberes. Pressupõe-se uma catequese que crie condições para uma verdadeira experiência de fé.

[Catequese e sacramentos]


Falar de catequese e Liturgia leva-nos necessariamente a abordar a questão dos sacramentos. De facto, os sacramentos são o núcleo fundamental da Liturgia; mas são também um dos conteúdos essenciais da catequese. Na Igreja dos primeiros séculos, o anúncio da Palavra de Deus era o primeiro passo para a conversão. Depois seguia-se a catequese daqueles que, uma vez convertidos a Jesus Cristo, desejavam o Baptismo. A catequese que se seguia baseava-se nos chamados "4 pilares": o Credo (os conteúdos fundamentais da fé), os Sacramentos (as celebrações fundamentais da vida cristã), o Pai Nosso (a oração) e os mandamentos (a vida moral). Basicamente, a catequese consistia no iniciar e aprofundar estes "4 pilares". Ainda hoje, a catequese, centrada na Palavra de Deus, mantém esses "4 pilares", como conteúdos fundamentais. Entre eles, os sacramentos.

Portanto, a celebração dos Sacramentos em geral, e da Eucaristia, em particular, estão intimamente unidas à catequese. Esta relação entre catequese e Sacramentos foi sublinhada pelo Papa João Paulo II: “A catequese está intrinsecamente ligada a toda a acção litúrgica e sacramental, pois é nos Sacramentos, sobretudo na Eucaristia, que Cristo Jesus age em plenitude na transformação dos homens. (...) A catequese conserva sempre uma referência aos Sacramentos; toda a catequese leva necessariamente aos Sacramentos da fé. Por outro lado, a autêntica prática dos Sacramentos tem forçosamente um aspecto catequético. Por outras palavras, a vida sacramental empobrece-se e depressa se torna ritualismo oco, se não estiver fundado num conhecimento sério do que significam os Sacramentos. E a catequese intelectualiza-se, se não for haurir vida na prática sacramental” (Exortação Apostólica Catechesi Tradendae, 23).

Se a Eucaristia é a “meta” de toda a acção da Igreja, é-o também da catequese: a catequese deve conduzir necessariamente à Eucaristia! Se a Eucaristia é ainda a “fonte” da vida cristã, a catequese deve partir da celebração para o aprofundamento e vivência da fé. Assim, a dimensão celebrativa da vida cristã tem necessariamente de encontrar eco na catequese., uma vez que “a fé implica, em virtude da sua própria dinâmica, ser conhecida, celebrada, vivida e feita oração. A catequese deve cultivar cada uma destas dimensões” (DGC, n.º 84).

O DGC n.º 85, abordando as tarefas fundamentais da catequese (dar a conhecer, a celebrar, a viver e a contemplar o mistério de Cristo), diz o seguinte:
“A comunhão com Jesus Cristo leva a celebrar a sua presença salvífica nos sacramentos e, de modo especial, na Eucaristia. A Igreja deseja ardentemente que todos os cristãos participem plena, consciente e activamente na liturgia, conforme o exige a sua própria natureza e a dignidade do sacerdócio baptismal dos cristãos. Por isso, a catequese, além de favorecer o conhecimento do significado da liturgia e dos sacramentos, deve educar os discípulos de Jesus Cristo «para a oração, para a gratidão, para a penitência, para as preces confiantes, para o sentido comunitário, para a percepção justa do significado dos símbolos...» (DGC 1971, 25b), uma vez que tudo isso é necessário, para que exista uma verdadeira vida litúrgica”.


Celebração na catequese (dimensão celebrativa)


Em consonância com isto, foram pensados os nossos catecismos actuais. Por exemplo, o Guia do Catequista do 3º Ano de catequese (Queremos seguir-Te, 18-22) caracteriza a catequese que se pretende como catequese "essenciamente testemunhal", "verdadeiramente comunitária", na qual "o relato assume um relevo muito especial"; uma catequese "que se apoia predominantemenet no símbolo", "eminentemente celebrativa", e "em que a moral brote da vivência da fé".

Expressamente sobre essa dimensão celebrativa, afirma o mesmo catecismo:
"A fé celebra-se; e é particularmente enquanto se celebra que se vive. Por isso mesmo, em vez de, por exemplo, explicarmos o que são acções sacramentais ou actos litúrgicos, parece-nos preferível inserir-nos, tanto quanto possível, na sua vivência pela celebração. Daí que não distingamos rigidamente entre catequeses proclamativas e celebrativas. Algumas são mesmo integradas em celebrações comunitárias. Mas isso não significa, de modo algum, que as restantes não tenham carácter celebrativo. Em nenhuma delas se faz, por exemplo, um uso do canto que seja meramente decorativo ou até simplesmente complementar duma explicação, mais ou menos racional, dum conteúdo doutrinal. O canto pretende ser sempre estruturante, expressão dum acto de fé, que envolve toda a pessoa na sua relação com Deus. O mesmo se diga da oração em geral: dela faz parte já a atitude de acolhimento à Palavra de Deus proclamada, ou a contemplação tantas vezes sugerida, de tal maneira que a prece ou o louvor que brotam dos lábios sejam, num momento alto do acto catequético, expressão autêntica do que vai no coração" (Queremos seguir-Te, 21).

Isto que exprime o Guia do Catequista do 3º Ano de catequese aplica-se a toda a catequese da infância. É claro, para quem trabalha com estes catecismos, que é nas primeiras fases que mais se desenvolve esta dimensão celebrativa; nos catecismos da adolescência, vai aumentando a sistematização de conhecimentos, e diminuindo os aspectos celebrativos. Contudo, mesmo aqui, o momento de oração nunca aparece como complemento, mas como elemento integrante da própria catequese.

Assim, quanto aos sacramentos, um dos "4 pilares" da catequese, estão presentes em todos os catecismos. Nem todos os sete sacramentos estão em todos os catecismos, mas há sempre a presença de pelo menos um dos sete sacramentos em cada um dos 10 anos de catequese. E em dois catecismos, estão presentes os sete sacramentos: no 3º e no 10 Ano.

Também a oração é presença em todos os catecismos. O acto catequético é proposto pelos catecismo em 3 momentos, sendo o terceiro a "expressão de fé", que pode assumir diverosas configurações, mas que consta habitualmente da oração ou celebração. De facto, a oração era outro dos "4 pilares" da catequese. Uma primeira chamada de atenção: perigo de olhar a oração, no final da catequese, como um mero apêndice ou complemento... Deveria merecer tanto ou mais cuidado a sua preparação, pois o que se pretende é que o que aprendeu e experimentou na catequese seja assumido e assimilado por cada um e expresso em forma relacional, em oração. Os vários catecismos vão também propondo algumas fórmulas de oração para serem aprendidas de cor: o Pai Nosso, a Avé Maria, Glória ao pai, Sinal da Cruz, Orações da manhã e da noite, Confissão e Acto de Contricção, etc.
Outro elemento a sublinhar é que os catecismos estão todos organizados seguindo o ritmo do Ano Litúrgico. Os dois grandes ciclos, do Natal e da Páscoa, ritmam o ano de catequese.

Mas além destes elementos celebrativos, os proprios catecismos propõem um conjunto de celebrações próprias, que importa sempre ter em conta. Este outro aspecto para o qual me parece importante chamar a atenção: a tendência é prescindir de algumas celebrações, porque não é prático, porque exige preparação, porque... Optar por não as realizar empobrece a própria catequese e corre o risco de a intelectualizar demasiado. Catequese não são umas aulas de religião... Essas celebrações estão centradas na Palavra de Deus e no uso de símbolos fundamentais para o cristão. Pretendem ser sempre momentos de chegada, para os quais preparam as várias catequeses que as precedem.

Nesta dimensão celebrativa sublinham os catecismos o carácter comunitário da celebração da fé. Daí que se insista, com frequência, na necessidade de convidar os pais, ou de inserir as celebrações catequéticas na celebração habitual da comunidade.


A linguagem da celebração e da catequese: os símbolos


Em toda a celebração, o recurso a símbolos é fundamental. Não há celebração sem símbolos! Portanto, para cumprir a tarefa exposta acima, de iniciação à Eucaristia, a catequese tem de Ter presente esses mesmos símbolos presentes na celebração eucarística. Contudo, em catequese, o recurso a símbolos não se limita a esta função de iniciação litúrgica. O uso de símbolos é parte integrante da catequese, como explica o DGC n.º 150:

“A comunicação da fé na catequese é um acontecimento de graça, realizado pelo encontro da Palavra de Deus com a experiência da pessoa, exprime-se através de sinais sensíveis e, por fim, abre-se ao mistério. (...) O método indutivo consiste na apresentação de factos (acontecimentos bíblicos, gestos litúrgicos, acontecimentos da vida quotidiana...), com o objectivo de discernir o significado que eles podem ter na Revelação divina. É uma via que oferece grandes vantagens, porque está de acordo com a economia da Revelação; responde a uma profunda expectativa do ser humano – chegar ao conhecimento das coisas inteligíveis -; e também está de acordo com as características do conhecimento da fé, que é um conhecimento através de sinais. (...) A síntese dedutiva só terá pleno valor, quando tiver sido realizado o processo indutivo”.

Por outras palavras, o DGC diz-nos que a catequese não pretende primeiramente transmitir muitos conhecimentos (há historiadores que podem falar dias inteiros de Jesus Cristo e não terem nenhuma fé!). A catequese visa transmitir uma experiência de fé, e só depois, como consequência, leva a aprofundar o conhecimento do mistério em que se acredita. Logo, não tem sentido uma catequese que se limite a fazer decorar umas coisas... A catequese deve, antes, partir dos símbolos, dos acontecimentos, dos relatos bíblicos, para levar a fazer tal experiência de fé e possibilitar o aprofundamento do conhecimento do mistério de Jesus Cristo. É esta opção que está na base dos catecismos de que dispomos (têm limites, é certo, como toda a obra humana... por este motivo é que não insistem nos pontos a decorar... pelo mesmo motivo, propõem celebrações, símbolos, dinâmicas várias que motivem a experiência de fé).
Contudo, não existem soluções feitas ("Não há soluções. Há caminhos").


Notas sobre a catequese litúrgica e a participação das crianças na Liturgia


Não apresentando soluções, algumas pistas gerais para a participação das crianças nas celebrações litúrgicas da comunidade:

– A repetição não é apenas uma coisa que se tem de suportar: é uma exigência! A Liturgia é um agir ritual, o que implica sempre repetição. Não é a repetição que cansa, mas a falta de motivação... As crianças têm necessidade da repetição: seguem diariamente os mesmos "rituais", o que lhes dá segurança. O que gostam, não se importam nada de repetir (e veêm 10 vezes o mesmo desenho animado, leêm 20 vezes a mesma história...). Também na celebração litúrgica, é pela celebração que a criança cria segurança na sua participação, sabe o que deve fazer, sente como seus os comportamentos e atitudes, canta...

– Valorizar o canto. A música e o canto são elementos fundamentais da festa. Ora, as crianças são particularmente sensíveis ao ambiente festivo. Motivar as crianças para a participação pelo canto exige cuidados especiais a quem faz a escolha: por exemplo, exige que as aclamações (Aleluia, Santo) não mudem constantemente, para que elas possam aprender a melodia e participar de facto.

– A participação da criança é eminentemente activa. A criança tem necessidade de estar activa para poder participar. Isso implica que lhe sejam dadas tarefas muito precisas, que se valorizem os movimentos (inserindo-as nas procissões, por exemplo). Mas participação activa não significa estar sempre a mexer: é fundamental motivar as crianças para a escuta, para as atitudes corporais (de peé, sentados, de joelhos); por vezes, prpor-lhes algum gesto concreto (erguer os braços, por exemplo).

– Determinante é o testemunho dos adultos presentes. A religiosidade da criança tende a ser imitativa. Mas a criança intui se os adulto participam convictamente ou representam um papel, sem grande convicção. Uma assembleia que participa, ajuda as crianças a participar; uma assembleia que "assiste", desmotiva...

– Uma dica final: a preparação é fundamental! Preparar bem uma celebração com crianças é decisivo. A evitar são os extremos: fazer um "ensaio" de tal modo exaustivo de tudo, que as crianças já vão cansadas para a celebração; ou deixar tudo à inspiração momentânea e à espontaneidade, deixando as crianças completamente dispersas e "perdidas"...


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